O veto à comunicação desonesta no Brasil
Na Câmara dos Deputados em 16 de maio foi realizada mais uma audiência para discutir o recém-aprovado Código Florestal, que impactará nas atividades agrícolas. Deputados, jornalistas e interessados lotaram o auditório. O evento teve detalhada explanação do relator, mostrando as mudanças do novo aparato institucional que visa contribuir ao avanço ambiental no Brasil.
Na Câmara dos Deputados em 16 de maio foi realizada mais uma audiência para discutir o recém-aprovado Código Florestal, que impactará nas atividades agrícolas. Deputados, jornalistas e interessados lotaram o auditório. O evento teve detalhada explanação do relator, mostrando as mudanças do novo aparato institucional que visa contribuir ao avanço ambiental no Brasil.
Segue-se uma apresentação do agro como o principal negócio da sociedade brasileira e abre-se aos debates, em mais um exercício de democracia. Ao final de quase 5 horas, são evidentes os ganhos na compreensão dos presentes, e aparecem mais convergências do que divergências, mostrando consenso.
O Código foi debatido por anos pela sociedade, em audiências por todo o País e foi aprovado democraticamente no Senado e na Câmara. Este artigo chama a atenção para algo que será cada vez mais frequente e para o qual o agro deve estar melhor preparado: a perigosa inovação na batalha de comunicação, liderada por ONG’s internacionais e nacionais, que encontram eco na parte desinformada e incendiária da imprensa e tem rápida adesão das mídias digitais e redes sociais.
Esta inovadora ação, encontrando eco na população desinformada, pois não dedicou tempo para estudar o Código, foi muito hábil para oportunisticamente colar o Código e a agricultura ao aumento do desmatamento, à motosserra, à destruição da Amazônia, secas, enchentes, desmoronamentos, aquecimento global e outros flagelos, cuja ciência leva tempo para desmistificar, mas desmistifica.
Destruição de árvores e matas são imagens sensíveis a todos os seres humanos e a campanha ganhou rapidamente conotação internacional, tendo ainda a sorte de ter a conferência Rio+20 como fato de pressão. Nota dez para a inovadora campanha, nota zero para o conhecimento, para a leitura e para a ética.
Associar a agricultura e o desenvolvimento do agro à destruição de matas foi uma deplorável mas vencedora estratégia, que maculou a imagem nacional e internacional do principal setor econômico do país, responsável por US$ 100 bilhões em exportações. O Código Florestal é similar a um processo de planejamento para uma organização.
Após ampla discussão, o processo termina, aprova-se e coloca-se em marcha. Agora é sancionar, implementar e iniciar os debates para corrigir e continuamente aprimorar. Aos que aderiram à inovadora campanha “Veta Dilma” na empolgação das mídias sociais, opiniões de artistas, intelectuais, empresários e ONG’s, fica o aprendizado de sempre ler, estudar e perguntar sobre o assunto a quem é do ramo, antes de aderir à onda, para depois não se arrepender do ímpeto.
Ver a vergonha que hoje passam os apocalípticos do aquecimento global. Deve-se vetar os que desrespeitam quem acorda cedo e enfrenta todas as adversidades para plantar, produzir, industrializar e colocar comida boa e barata nas mesas dos brasileiros e que financiam, com os alimentos exportados para as mesas estrangeiras, as importações dos equipamento digitais usados na campanha. O agro não precisa derrubar uma árvore sequer para triplicar a produção de alimentos.
24 de maio de 2012
Marcos Fava Neves é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto, Chefe do Departamento de Administração e coordenador científico do Markestrat. Tem 25 livros publicados em 8 países.
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