Esse factóide da tal Comissão da Verdade já mereceu alguns textos aqui. Como o cadáver ainda está quente, é bom que, à lá CSI (Crime Scene Investigation), vamos, como diria Jack The Ripper, por partes.
Pouco antes da assunção de Hollande como presidente da França, José Roberto Guzzo (foto), cronista de Veja, escreveu na edição de 09/05, aproveitando a situação complicada que nossa mídia publica, até com um certo catastrofismo, para estabelecer uma comparação muito lúcida, que não posso deixar de comentar.
Pouco antes da assunção de Hollande como presidente da França, José Roberto Guzzo (foto), cronista de Veja, escreveu na edição de 09/05, aproveitando a situação complicada que nossa mídia publica, até com um certo catastrofismo, para estabelecer uma comparação muito lúcida, que não posso deixar de comentar.
Um cronista com um preparo intelectual respeitável, e muita experiência adquirida. Não foi redator-chefe da revista por acaso.
Eu já escrevi aqui no blog que a França pisou na merda, elegendo um esquerdista. Apesar de não deixar de ser verdade, Guzzo me fez repensar melhor, e olhar a situação com outros olhos, quando escreveu o que vem abaixo:
“A França é um dos países mais bem-sucedidos do mundo. Tem problemas, claro, e alguns deles são até reais. Mas é um país de verdade, com 65 milhões de habitantes, e não um parque de diversões – e tem uma situação admirável para quem chegou a esse porte. Não há um único buraco em seus 11 mil km de auto-estradas de primeiríssima classe.
O trem-bala existe; está sempre no horário, mantém velocidade média de 300km/h e sua rede já é 5 vezes maior que o trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo. A França tem um PIB per capita acima dos 42 mil dólares anuais. Soube aproveitar com inteligência, rapidez e eficácia todo o avanço tecnológico das últimas décadas. Produz mais que o Brasil, num território equivalente a 6% do nosso e com um terço da nossa população.
A soma de todas as suas dificuldades, considerando-se a vida como ela é, parece uma brincadeira quando comparada a de certos Brics (o grupo Brasil, Rússia, Índia e China, mais África do Sul, idéia do economista chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil), a começar pelo que é representado na letra B.”
Propala-se por aqui, na mídia escrita e televisada, que a crise é forte na Europa. Bem, utilizando-se dessa brilhante comparação, que não tem nada de mentiras, eu me pergunto:
– Que crise? Crise é o modo de vida normal de Pindorama, já há “trocentos” anos.
E José Roberto termina a crônica com chave de ouro: “Melhor para a França. Ela tem a sorte de não precisar de seus políticos para conservar tudo aquilo que já soube construir”.
Sendo pouco otimista, tenho que perguntar, de novo:
– Quantas décadas levaremos para atingir este último estágio político pois, com esse povaréu inculto e não interessado em construir cultura, que temos, elegem políticos que conseguem destruir o pouco que alguns políticos mais honestos conseguiram construir, a duras penas.
E para encerrar, uma sugestão para o governo: Porque não instituir uma Comissão da Verdade, para esclarecer, de uma vez por todas, o que fazem com tanto dinheiro arrecadado, perdão, arrancado à fórceps do bolso dos nossos cidadãos?”.
21 de maio de 2012
magu
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