"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 21 de maio de 2012

PEQUENA COMPARAÇÃO





Um cronista com um preparo intelectual respeitável, e muita experiência adquirida. Não foi redator-chefe da revista por acaso.
Eu já escrevi aqui no blog que a França pisou na merda, elegendo um esquerdista. Apesar de não deixar de ser verdade, Guzzo me fez repensar melhor, e olhar a situação com outros olhos, quando escreveu o que vem abaixo:

“A França é um dos países mais bem-sucedidos do mundo. Tem problemas, claro, e alguns deles são até reais. Mas é um país de verdade, com 65 milhões de habitantes, e não um parque de diversões – e tem uma situação admirável para quem chegou a esse porte. Não há um único buraco em seus 11 mil km de auto-estradas de primeiríssima classe.

O trem-bala existe; está sempre no horário, mantém velocidade média de 300km/h e sua rede já é 5 vezes maior que o trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo. A França tem um PIB per capita acima dos 42 mil dólares anuais. Soube aproveitar com inteligência, rapidez e eficácia todo o avanço tecnológico das últimas décadas. Produz mais que o Brasil, num território equivalente a 6% do nosso e com um terço da nossa população.
O salário mínimo é 5 vezes superior ao brasileiro, a saúde pública é impecável e a classe C já emergiu 100 anos atrás. O cidadão francês não sabe o que é um assalto a mão armada, e não tem a menor idéia do que possa ser um arrastão em prédios de apartamentos. Nunca ouviu falar em firma reconhecida, nem em desabamento de morros. Desconhece a existência de filas de ônibus. Rouba-se pouco, e jamais com prejuízo para os serviços públicos. Os fiscais não extorquem; apenas fiscalizam.

A soma de todas as suas dificuldades, considerando-se a vida como ela é, parece uma brincadeira quando comparada a de certos Brics (o grupo Brasil, Rússia, Índia e China, mais África do Sul, idéia do economista chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil), a começar pelo que é representado na letra B.”
Propala-se por aqui, na mídia escrita e televisada, que a crise é forte na Europa. Bem, utilizando-se dessa brilhante comparação, que não tem nada de mentiras, eu me pergunto:


– Que crise? Crise é o modo de vida normal de Pindorama, já há “trocentos” anos.

E José Roberto termina a crônica com chave de ouro: “Melhor para a França. Ela tem a sorte de não precisar de seus políticos para conservar tudo aquilo que já soube construir”.
Sendo pouco otimista, tenho que perguntar, de novo:

– Quantas décadas levaremos para atingir este último estágio político pois, com esse povaréu inculto e não interessado em construir cultura, que temos, elegem políticos que conseguem destruir o pouco que alguns políticos mais honestos conseguiram construir, a duras penas.

 E para encerrar, uma sugestão para o governo: Porque não instituir uma Comissão da Verdade, para esclarecer, de uma vez por todas, o que fazem com tanto dinheiro arrecadado, perdão, arrancado à fórceps do bolso dos nossos cidadãos?”.
21 de maio de 2012
magu

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