A campanha do PT contra a imprensa reincide em velhos jargões autoritários do passado, cometendo, desta vez, um erro crasso:
o de querer fulanizá-la.
O repórter de Veja, Policarpo Junior, tornou-se o alvo da atual investida.
E o que fez ele?
Cumpriu sua função. Ouviu uma fonte – no caso, Carlinhos Cachoeira -, em assuntos no quais o contraventor tinha mais informações que a própria polícia. Separou o joio do trigo e utilizou o que convinha às investigações que fazia.
Qualquer um que já tenha exercido o ofício sabe que é indispensável ouvir todos os lados envolvidos numa história. Não importa se a informação está no inferno: terá que buscá-la onde estiver. O que fará com ela são outros quinhentos.
Policarpo publicou-a, prestando um serviço público; Demóstenes Torres, o senador, vendeu-a a um contraventor.
Tim Lopes, o repórter martirizado pelo narcotráfico carioca, subia os morros e conversava com bandidos, em busca de notícia. Contribuiu, e muito, para expor ao público o mapa do crime organizado do Rio de Janeiro e suas conexões.
O crime, porém, não se faz presente apenas nas favelas e periferias. Há muito, chegou às instituições e frequenta a Praça dos Três Poderes. Se o repórter quer mapear esse submundo, será inútil conversar com políticos ficha limpa (que também os há).
Eles podem apenas compartilhar sua perplexidade, não informá-lo, já que não circulam no submundo. Dependendo do assunto, terá que conversar com gente ainda pior que Cachoeira.
O equívoco de fulanizar a luta contra a imprensa decorre de algo simples: se for comprovado que o jornalista delinquiu, o órgão para o qual trabalha simplesmente o demitirá, preservando-se.
O mau jornalista passa, mas a imprensa fica.
Leia a íntegra em Uma CPI para a Mídia
12 de maio de 2012
in camuflados
12 de maio de 2012
in camuflados
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