"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 25 de junho de 2012

A HORA E A VEZ DE UMA SÃO PAULO ISOLADA


Acompanhei cá do Norte o intercurso carnal de Lula com Maluf, que veio na sequência dos escandalosos contatos de mucosas travados entre ele e Fernando Collor de Mello que, por sua vez, seguiram-se às flagrantes trocas de secreções havidas, um pouco mais além, entre o “nosso guia” e José de Ribamar Sarney.

Entre umas e outras dessas relaxações, enfiaram-se no budoir presidencial profissionais calejadas do jaez de Jader Barbalho, Severino Cavalcanti e, entre outros, até o neto do homem que marcou o “cabra marcado para morrer”.
Com este tem sido no fio do bigode: traição com traição se paga.
O filhote de coronel que o antigo paladino da ética na política da esquerda brasileira fez ministro, depois de servir na bandeja as cabeças dos aliados de toda uma vida da sua Paraiba natal, abriu para Lula e seu atônito “poste” paulistano, as portas do serralho da rua Costa Rica, onde, em meio ao luxo oriental de sempre, a imprensa fotografou, na última terça-feira, o momentoso nu frontal que, por alguns momentos, fez um leve rubor subir às faces endurecidas de Luiza Erundina.
A todas essas carnes Lula conheceu; de todas essas carnes Lula fez-se conhecer. Mas nenhumas têm se merecido tanto quanto as dele e as de Paulo Salim Maluf.
Não entendo o esforço para mostrar indignação e surpresa dos comentários que tenho lido a respeito na imprensa.


Lula e Maluf nasceram um para o outro. São almas gêmeas. E se isso soou como heresia, um dia, esse dia já vai longe demais para que alguém ainda pudesse deixar de prever como necessária e iminente a consumação deste casamento depois de toda a sequência dos fatos.
Luis Ignácio Lula da Silva e Paulo Salim Maluf são irmãos na fé inquebrantável que comungam no poder inexorável da corrupção. Na sua certeza comum de que tudo é podre como eles sentem as próprias almas, bastando, para comprová-lo, que o alvo entre no raio de alcance do tiro.
Um empurra a vítima para perto do dinheiro. O outro empurra o dinheiro para perto da vítima. Mas o que os faz irmãos é a certeza de que, encurtada suficientemente a distância, todos, sem exceção, completarão com as próprias mãos o ávido gesto final.
Está chegando a hora e a vez desta solitária São Paulo que tem desafiado a ambos. É ela quem vai dizer se existe esperança ao Sul do Equador, ou se tudo que resta a fazer “en nuestra América”, como dizia um desacorçoado Simon Bolivar no seu leito de morte, “es emigrar”.

fernaslm
25 de junho de 2012

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