"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 25 de junho de 2012

MÁ FÉ

Um bom articulista tem que noticiar os acontecimentos, sendo-lhe permitido até dar sua opinião, ele só não pode manipular informações, e de má fé induzir o leitor a fazer um juízo errado.
Vejo num dos blogs mais lido no país a seguinte nota em destaque: “No Paraguai o golpe (destaque nosso) foi de acordo com a lei”.
Ora, é flagrante a intenção do autor de levar quem lê a pensar que o impedimento do ex-presidente paraguaia Fernando Longo (22/6), tenha resultado de um Golpe de Estado. Todavia, entendo-se que golpe é a tomada inesperada do poder governamental pela força e ao arrepio da lei, a afirmativa é enganosa, pois um golpe jamais poderá ser perpetrado de acordo com a lei. Vamos ver os fatos que resultaram no impedimento.

Tudo teve início no dia 15 desse mês, quando um conflito de terras resultou na morte de 11 camponeses e 6 policiais, o que fez Lugo destituir o ministro do Interior Carlos Filizola e o comandante da polícia Paulino Rojas, mas o juiz da cidade de Curuguaty decretou a prisão de 11 camponeses, dessa forma abriu-se a questão.

Seguindo a Constituição paraguaia, um presidente só pode ser submetido ao juízo político por mau desempenho das funções e por delitos comuns ou cometidos no exercício do cargo.
O processo de impeachment de Lugo, foi aprovado pela Câmara dos Deputados na última quinta-feira, dia 21, encaminhado no mesmo dia ao senado e referendado no dia seguinte.

Lugo, no dia marcado, não compareceu ao parlamento, tendo enviado para defendê-lo
os advogados Adolfo Ferreiro, Emilio Camacho, Luis Samaniego e o procurador-geral da República, Enrique García. Durante duas horas, eles tentaram, inutilmente, derrubar os argumentos da acusação e dilatar o prazo para a defesa do presidente.

Dos 45 parlamentares que compõem o Senado paraguaio, 39 votaram a favor do impeachment, quatro contra e dois não compareceram à sessão. Para o pedido ser aprovado, era necessário a maioria absoluta de dois terços, segundo o artigo 225 da Constituição Paraguaia, ou seja, 30 votos.

Além do episódio em Curuguaty, pesaram contra o ex-bispo outros quatro argumentos, entre os quais, facilitação de invasão de terras, além de conivência com reuniões de jovens socialistas na sede das Forças Armadas.

Lugo no passado era conhecido como “bispo dos pobres”, por isso, recebeu apoio imediato dos governantes sul-americanos Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), o que convenhamos, não depõe nem um pouco a seu favor.

25 de junho de 2012
giulio sanmartini
(*) Texto de apoio: Denise Paro e Cristina Rizzi

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