Era um domingo, junho de 78. Pânico na Assembléia Legislativa de São Paulo. A
fumaça invadiu o salão nobre, onde estavam sendo contados os votos da dramática
convenção da Arena, que decidia se o candidato a ser referendado governador
seria Paulo Maluf ou Laudo Natel.
Cláudio Lembo, presidente do partido, Olavo Drummond, procurador do Tribunal Regional do Trabalho, os deputados Cunha Bueno e Nabi Chedid, fiscais de Paulo Maluf e Laudo Natel, e o delegado Ribeti agarraram as duas urnas e saíram apressados para a sede do TRE, no Parque Anhembi.
Ninguém confiava em ninguém. Todos queriam ir em um carro só, para vigiar as urnas e os votos. Cinco passageiros e as duas urnas, não havia carro que desse. Entraram numa radiopatrulha parada em frente, um grande camburão, e tocaram para a Rua Francisca Miquelina.
No Viaduto Maria Paula, fechou o sinal, a radiopatrulha parou e os cinco ali dentro, amontoados, de olho nas urnas. Passava um crioulo, viu aqueles bacanas de terno e gravata dentro do camburão, abriu os dentes numa risada feliz e vingativa:
- Aí, seus brancões, chegou o dia de vocês!
O camburão arrancou com os brancões e o sonho de Laudo Natel. Maluf ganhou a convenção e a Assembléia o nomeou governador.
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GALDINO E HADDAD
Na campanha eleitoral de 76, o deputado José Bonifácio, o turbulento Zezinho de Barbacena, foi a uma pequena cidade do interior de Minas fazer a convenção da Arena para escolha do candidato a prefeito. Chegou lá, reuniu os líderes:
- Quando é que vai ser a reunião? E onde vai ser?
- O Galdino é quem sabe, deputado.
- Quem é o melhor candidato?
- É o Galdino, deputado. Não há ninguém para disputar com ele.
- Então não precisa haver reunião, nem eleição, nem nada. É só fazer a ata da convenção e o problema está resolvido.
Galdino chegou, discordou:
- Nada disso. Tem que haver convenção, disputa, urna, escolha em votação secreta e apuração. Se não for assim, não aceito a candidatura.
Fez-se a convenção, como Galdino queria, com urna e voto secreto. Resultado: em 31 votos, Galdino teve três. Tiveram que escolher outro.
Haddad é o Galdino do PT.
Sebastião Nery
25 de junho de 2012
Cláudio Lembo, presidente do partido, Olavo Drummond, procurador do Tribunal Regional do Trabalho, os deputados Cunha Bueno e Nabi Chedid, fiscais de Paulo Maluf e Laudo Natel, e o delegado Ribeti agarraram as duas urnas e saíram apressados para a sede do TRE, no Parque Anhembi.
Ninguém confiava em ninguém. Todos queriam ir em um carro só, para vigiar as urnas e os votos. Cinco passageiros e as duas urnas, não havia carro que desse. Entraram numa radiopatrulha parada em frente, um grande camburão, e tocaram para a Rua Francisca Miquelina.
No Viaduto Maria Paula, fechou o sinal, a radiopatrulha parou e os cinco ali dentro, amontoados, de olho nas urnas. Passava um crioulo, viu aqueles bacanas de terno e gravata dentro do camburão, abriu os dentes numa risada feliz e vingativa:
- Aí, seus brancões, chegou o dia de vocês!
O camburão arrancou com os brancões e o sonho de Laudo Natel. Maluf ganhou a convenção e a Assembléia o nomeou governador.
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GALDINO E HADDAD
Na campanha eleitoral de 76, o deputado José Bonifácio, o turbulento Zezinho de Barbacena, foi a uma pequena cidade do interior de Minas fazer a convenção da Arena para escolha do candidato a prefeito. Chegou lá, reuniu os líderes:
- Quando é que vai ser a reunião? E onde vai ser?
- O Galdino é quem sabe, deputado.
- Quem é o melhor candidato?
- É o Galdino, deputado. Não há ninguém para disputar com ele.
- Então não precisa haver reunião, nem eleição, nem nada. É só fazer a ata da convenção e o problema está resolvido.
Galdino chegou, discordou:
- Nada disso. Tem que haver convenção, disputa, urna, escolha em votação secreta e apuração. Se não for assim, não aceito a candidatura.
Fez-se a convenção, como Galdino queria, com urna e voto secreto. Resultado: em 31 votos, Galdino teve três. Tiveram que escolher outro.
Haddad é o Galdino do PT.
Sebastião Nery
25 de junho de 2012
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