"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 13 de julho de 2012

DILMA INICIA A CAMPANHA PARA SUA REELEIÇÃO EM 2014

A presidente Dilma Rousseff ofereceu jantar ao vice Michel Temer, ao governador Eduardo Campos, presidente do PSB, ao governador Cid Gomes, também deste partido, e a ministros do PT, com o objetivo de assegurar a solidez da aliança PT-PMDB-PSB para as eleições presidenciais de 2014. Reportagem de Paulo Celso Pereira, Isabel Braga e Luiza Damé, O Globo de quarta-feira, focaliza o acontecimento.

A matéria, penso eu, deveria ter saído com maior destaque, uma vez que, nesse encontro, obviamente Dilma Rousseff iniciou a campanha por sua reeleição. Caso contrário, o ex-presidente Lula estaria presente. Não comparecendo, ficou nítido o projeto político nacional do PT para as urnas de aqui a dois anos.

Importam pouco as divergências municipais que estão ocorrendo na cidade de São Paulo, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Trata-se de etapa menor. A meta básica volta-se para 2014. Há motivos para os dois fatos. Quanto à hipótese de o PSB afastar-se do Palácio do Planalto, ela foi levantada por José Serra, do PSDB, quando há poucos dias admitiu a possibilidade de uma candidatura de Eduardo Campos à presidência da República. Com isso, atingiu diretamente Aécio Neves, cujo nome inclusive já fora lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique. Surpresa? Sim. Porque Serra é tucano, mesmo partido de Aécio e FHC.

Ao sugerir o exame da fórmula Campos, o candidato a prefeito da capital paulista distanciou-se das articulações de seu esquema partidário. Procurou incentivar o governador de Pernambuco como forma de dividir a base política do governo federal. Por isso, Dilma entrou em ação.
E, aparentemente, alcançou êxito: Eduardo Campos afirmou a O Globo que o essencial é manter a aliança de hoje para o embate eleitoral de amanhã. Evidentemente, Rousseff aprovou a tese. As divergências em São Paulo, Minas e No Rio são detalhes.

Em Belo Horizonte, o PT, que lançou Patrus Ananias, como candidato próprio contra Márcio Lacerda, agiu menos por Márcio pertencer à sigla PSB, e mais por ter sido ele, em 2008, eleito inteiramente pelo apoio de Aécio Neves. Assim, fortalecer Lacerda, seria fortalecer Aécio para 2014. E o ex-governador de Minas já se declarou disposto a concorrer ao Planalto pela oposição.

Em São Paulo, o Partido dos Trabalhadores não está bem na parada com Fernando Haddad. Mesmo com o apoio entusiasmado de Lula, o máximo que alcançou até agora foi de 6 pontos no Datafolha, José Serra tem 31, Celso Russomano 10%. Além da fraqueza do ex-ministro da Educação, acrescente-se o distanciamento da senadora Marta Suplicy da campanha.

Na coluna semanal que mantém na Folha de São Paulo, condenou fortemente a aproximação de Lula com Paulo Maluf, adversário histórico do PT, condenado pela Justiça de Nova Iorque, além de procurado pela Interpol. A situação do PT na cidade não se apresenta favorável. Claro que Haddad, com apoio de Lula no horário eleitoral da televisão, não vai ficar nos 6% atuais. Mas daí a derrotar Serra há uma diferença bastante expressiva.

No Rio, uma corrente petista afastou-se da aliança com Eduardo Paes e se manifestou pela candidatura Marcelo Freixo, do PSOL. Não há dúvida. Trata-se da corrente do senador Lindberg Farias que, em 2014, enfrenta Luiz Pezão, candidato do governador Sérgio Cabral, ao Palácio Guanabara. Entretanto, nenhum dos três casos preocupa a presidente da República.

Com o jantar de Brasília, ela iniciou, com dois anos de antecedência, a alvorada da sua candidatura à reeleição. A ausência de Lula na mesa, anteontem, acentua a presença de Dilma nas urnas de amanhã.

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