Depois de surpreender o mundo ao baixar decreto mandando reabrir o Parlamento, o novo presidente do Egito, Mohamed Mursi, afirmou que vai respeitar a decisão da Justiça, que revogou a determinação dele e fechou novamente o Legislativo.
O comunicado de Mursi mostra que na realidade quem continua mandando no Egito são as forças armadas, que há décadas vêm sendo sustentadas pelos Estados Unidos.
Ou seja, o Egito continua a ser uma ditadura militar, apenas travestida de democracia no ilusório carnaval da Primavera Árabe.
Para disfarçar a realidade, a nova posição do presidente foi vista como uma tentativa de aliviar a tensão entre o governo e os deputados de um lado, e os militares e os magistrados da Corte Constitucional do outro, como se isso fosse possível.
No comunicado, Mursi disse que buscará o diálogo com as forças políticas e do Judiciário para resolver a questão. “Haverá consultas entre todas as forças políticas, instituições e autoridades do Conselho Supremo Judiciário para achar a melhor saída para essa situação”, afirmou o presidente, que é integrante da Irmandade Muçulmana, facção político-religiosa majoritária no Egito e que não aceita a submissão aos militares.
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RELEMBRE A CRISE
No dia 14 de junho, a Corte Constitucional concluiu que houve irregularidades na eleição de pelo menos um terço dos membros da Câmara baixa. Os militares, então, dissolveram o Parlamento e assumiram as funções legislativas.
Além de dissolver o Parlamento, eles aprovaram um ato institucional antes do anúncio das eleições, retirando qualquer poder do presidente sobre as Forças Armadas. Os comandantes também receberam poder de legislar, além de poderem vetar partes da futura Constituição, que ainda não possui nem rascunho.
Em um desafio à junta militar, Mursi ordenou no último domingo, por decreto, que fosse reinstalado o Parlamento do país, dissolvido pela Suprema Corte Constitucional por influência dos militares que governaram interinamente o país entre a deposição do ditador Hosni Mubarak, no início de 2011 e a posse.
Mas a sessão de reabertura do Parlamento durou menos de dez minutos, porque a Corte Constitucional desautorizou o presidente e confirmou o fechamento. Os deputados anunciaram que vão apelar da decisão da Corte Constitucional de dissolver o Parlamento, mas trataram de encerrar logo a sessão, antes que os tanques chegassem…
Esta é a Primavera Árabe em versão egípcia.
Carlos Newton
13 de julho de 2012
O comunicado de Mursi mostra que na realidade quem continua mandando no Egito são as forças armadas, que há décadas vêm sendo sustentadas pelos Estados Unidos.
Ou seja, o Egito continua a ser uma ditadura militar, apenas travestida de democracia no ilusório carnaval da Primavera Árabe.
Para disfarçar a realidade, a nova posição do presidente foi vista como uma tentativa de aliviar a tensão entre o governo e os deputados de um lado, e os militares e os magistrados da Corte Constitucional do outro, como se isso fosse possível.
No comunicado, Mursi disse que buscará o diálogo com as forças políticas e do Judiciário para resolver a questão. “Haverá consultas entre todas as forças políticas, instituições e autoridades do Conselho Supremo Judiciário para achar a melhor saída para essa situação”, afirmou o presidente, que é integrante da Irmandade Muçulmana, facção político-religiosa majoritária no Egito e que não aceita a submissão aos militares.
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RELEMBRE A CRISE
No dia 14 de junho, a Corte Constitucional concluiu que houve irregularidades na eleição de pelo menos um terço dos membros da Câmara baixa. Os militares, então, dissolveram o Parlamento e assumiram as funções legislativas.
Além de dissolver o Parlamento, eles aprovaram um ato institucional antes do anúncio das eleições, retirando qualquer poder do presidente sobre as Forças Armadas. Os comandantes também receberam poder de legislar, além de poderem vetar partes da futura Constituição, que ainda não possui nem rascunho.
Em um desafio à junta militar, Mursi ordenou no último domingo, por decreto, que fosse reinstalado o Parlamento do país, dissolvido pela Suprema Corte Constitucional por influência dos militares que governaram interinamente o país entre a deposição do ditador Hosni Mubarak, no início de 2011 e a posse.
Mas a sessão de reabertura do Parlamento durou menos de dez minutos, porque a Corte Constitucional desautorizou o presidente e confirmou o fechamento. Os deputados anunciaram que vão apelar da decisão da Corte Constitucional de dissolver o Parlamento, mas trataram de encerrar logo a sessão, antes que os tanques chegassem…
Esta é a Primavera Árabe em versão egípcia.
Carlos Newton
13 de julho de 2012
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