"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 24 de julho de 2012

SEM "MARQUETINGUE": DAS 59 UNIVERSIDADES FEDERAIS DO PAÍS, APENAS DUAS NÃO ADERIRAM À GREVE. NEGOCIAÇÃO ENTRE GOVERNO E PROFESSORES FRACASSA


A grande maioria dos 38 institutos federais de educação também está com as atividades paralisadas.

Fracassou a reunião desta segunda-feira entre professores, universitários e representantes do governo para discutir o fim da greve nas instituições federais de ensino, sem aulas desde o dia 18 de maio. Na tarde desta segunda-feira, o governo ofereceu R$ 3,9 bilhões em reajustes salariais nos próximos três anos aos professores.
A proposta foi rejeitada. Sindicalistas e técnicos dos ministérios de Educação e do Planejamento discutiram durante mais de quatro horas a pauta de reivindicações. Uma nova reunião já está prevista para ocorrer até a próxima quarta-feira.

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, diz que a discussão é de "concepção". Ela reclama que o governo está incentivando a desestruturação da carreira, ao impedir a progressão, criando barreiras para o docente chegar ao teto da profissão.
Já o governo diz que questões como a titulação devem ser discutidas em outra mesa de negociação, propondo um grupo de trabalho específico para o tema. "Creio que devemos focar os pontos de divergência", afirmou Amaro Lins, secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação. "O maior cuidado que devemos ter é com os jovens de nossas instituições", acrescentou.Pouco antes, Marinalva Oliveira afirmou em tom exaltado que a responsabilidade pela situação dos estudantes é do governo.

A uma pergunta sobre se não temia o corte do ponto, ela respondeu: "A nossa greve é legal. Quem não está avançando é o governo, que só depois de sessenta dias está apresentando uma proposta".Embora haja consenso de que "questões técnicas" e "conceituais" não estão abaixo do debate salarial na pauta dos sindicalistas, setores do governo dizem que o movimento pretende acabar com a valorização dos títulos de mestre e doutor nas universidades.
Os grevistas que têm essa linha de raciocínio defendem que apenas o tempo de trabalho seja o suficiente para um docente atingir o topo da carreira.
Questionado sobre a importância da titulação como incentivo para a melhoria do ensino, o sindicalista Gutemberg Almeida, do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), respondeu que "os títulos seriam um estímulo se o governo não incluísse também na progressão da carreira fatores como a produtividade".

Ele diz que hoje os professores estão tendo carga horária elevada em sala de aula, prejudicando pilares das universidades como a pesquisa e a extensão.


LEONENCIO NOSSA/Estadão
24 de julho de 2012

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