"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 24 de julho de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

OS DONOS DO CRIME

André, rapagão espadaúdo, gaúcho valente, queria ser piloto. Inscreveu-se no Aeroclube de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Um dia, o instrutor Vaz Vargas reclamou que ele estava atrasado demais. Geralmente, com 10 a 15 horas de vôo, o aluno já “sola”, voa sozinho. André já tinha 40 e nada. Tinha medo de “solar”. Comunicou ao instrutor:
- Amanhã venho “solar”.

Foi. Domingo de manhã, sol morno, minuano soprando. André chegou ao Aeroclube com um blusão de couro americano, todo incrementado, escrito na frente em letras vermelhas: “Ás da Morte”. Levou o pai, a mãe, a noiva. O instrutor deu todos os conselhos e autorizou:
- Decola, sobrevoa e pousa.

André subiu, sobrevoou, veio descendo, mas, na hora de tocar no chão, arremeteu. Uma vez. Duas vezes, três vezes. E nada de descer. O pai, a mãe, a noiva não sabiam o que estava acontecendo, batiam palmas:
- Que beleza! Muito bem!

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O VÔO

André se desesperou. Rodava, vinha lá de cima enfiado, gritava:
- Adeus, meu pai!
E subia. Rodava de novo, metia a cara na pista:
- Adeus, minha mãe!
E arremetia. Entrou em pânico total, passou a fazer o testamento:
- Adeus, minha noiva querida! Os arreios de prata dêem pro mano! A bota de pelica, pro Bráulio!
E abanou o lenço para o instrutor:
- Me lace, professor! Me lace! Não precisou. Desceu.

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MEIRELLES

A economia brasileira está como o gaucho André, de Santa Maria. Descendo cada vez mais e sem nem conseguir aterrissar. Precisa ser laçada, senão vai espatifar-se lá embaixo. Na vida dos povos e dos países, não há crime sem nome do dono. No Brasil, houve um crime com dois donos : Lula e Meirelles. Lula presidente da Republica; Meirelles, do Banco Central.

Quando os bancos americanos chegaram ao extremo da especulação e da roubalheira, e começaram a explodir, o Brasil crescia todo ano a mais de 5%. Meirelles, especulador disfarçado de banqueiro, viu que estava na hora de fazer sua grande jogada : começou a pôr os juros da taxa Selic lá em cima, inviabilizar a industria nacional e derrubar a economia. E os especuladores internacionais desembarcaram no Brasil para faturar.

Criaram uma tese canalha: o Brasil não pode crescer mais de 3%. Como o avião do gaúcho, a economia ficou desgovernada, passou a descer alem do tolerável e agora chegou a 2%. Onde estão Lula e Meirelles?

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BRASIL

No século 20, o Brasil foi o 2º, ficando o Japão em 1º, entre os países que mais cresceram no mundo. A média do crescimento brasileiro foi de 4,2% ao longo de 100 anos, atestado pelo economista Chico Oliveira, da Universidade de São Paulo. Nas últimas décadas, o Brasil vem tendo redução no seu crescimento, refletindo diretamente na sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) mundial.

Em 1980, no governo Figueiredo, 3,9% do PIB mundial era do Brasil. Em 2012, no governo Dilma Rousseff, o nosso PIB fica em 2,9%. A constatação é de estudo do Fundo Monetário Internacional, demonstrando os desafios que rondam a economia brasileira.

André Oppenheimer, especialista em América Latina, diz que “o Brasil é um gigante desorientado”, mostrando que dependemos demais dos preços mundiais das commodities agrícolas e minerais.
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EMERGENTES

No século XX, o café dominou o cenário econômico brasileiro. Na década de 60, quando partiu para a sua industrialização, foi impedido por pressões internacionais que motivaram o brilhante economista baiano-paranaense Helio Duque a escrever o livro “A Guerra do Café Solúvel”. Hoje centenas de fábricas de solúvel estão implantadas nos EUA, Europa e Ásia. O Brasil perdeu a parada, sendo exportador inexpressivo.

Os países emergentes (e nem falamos da India, China, Coréia, África do Sul) projetam taxas altas para 2012. Em 2011, o Brasil cresceu 2,7% e em 2012 não deverá atingir 2%. Argentina, Chile, Peru, Colômbia, México, crescerão entre 4% e 5%. O Brasil disputa a rabeira com Paraguai e Bolivia.

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