"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 24 de julho de 2012

MALAFAIA, O DEBATE POLÍTICO E SOFISMAS DE CRISTÃOS BURROS

    
          Artigos - Religião 
       
Silas Malafaia, ao propor uma participação política democrática de seu grupo está mais a favor do estado laico do que os mentirosos do lado humanista. Essa é a mensagem que deve ser passada, e os que estão do lado conservador devem transmiti-la.

Segue matéria do Notícias Gospel Mais:

Com a proximidade das eleições um assunto que muito vem sendo discutido é a participação da Igreja e das lideranças religiosas no processo eleitoral. Nessa segunda feira, o pastor Silas Malafaia publicou em seu site um texto no qual apresenta cinco argumentos para que a religião e a política andem juntas.
Malafaia publicou seus argumentos como comentário às declarações feitas pelo professor de filosofia da universidade de Harvard, o americano Michael Sandel, que declarou recentemente que a política precisa se abrir à religião e acolher as convicções religiosas no debate público.

O professor afirma que o que deve ser afastado da política não é a religião, mas o dogmatismo e a intolerância, que podem ser provenientes tanto de ideologias religiosas quanto seculares.
- A política diz respeito às grandes questões e aos valores fundamentais. Então, a política precisa estar aberta às convicções morais dos cidadãos, não importa a origem. Alguns cidadãos extraem convicções morais de sua fé, enquanto outros são inspirados por fontes não religiosas – disse o filósofo.
De acordo com o pastor, em sua primeira razão para que a religião ande lado a lado com a política, a afirmação de Jesus “Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus”, teria servido para mostrar o compromisso do cristão com a cidadania humana e celestial. A mesma razão é citada pelo pastor em seu segundo argumento, quando Romanos 13:7.
Em seguida Malafaia afirma que a Igreja, enquanto corpo místico de Cristo, não precisa de nenhum político para se estabelecer, mas que os cristãos não devem se omitir nesse aspecto para que os “filhos das trevas” não venham influenciar e determinar sobre a vida social.
- Existe um jogo pesado e creio que satanás está por trás disto. Todos podem influenciar na política: metalúrgicos, médicos, filósofos, sociólogos etc. Todo tipo de ideologia, inclusive a ideologia humanista/materialista, que nega a existência de Deus, pode influenciar na política. Mas o estilo de vida cristã, não! Isto é um absurdo! O povo de Deus não pode cair neste jogo. As nações mais poderosas e democráticas do mundo foram influenciadas, em todas as suas instâncias, pelo cristianismo – afirma o pastor em seu quarto argumento.
Por último, Malafaia afirma que não foi levantado por Deus para ser um político, mas sim para influenciar em todos os campos da vida. Ele afirma ainda que o pastor tem “autoridade bíblica para orientar as ovelhas de Jesus em todas as áreas”.
Meus comentários

Devo deixar bem claro que tenho medo de uma teocracia, pois ateus como eu não se dariam muito bem em um ambiente teocrático. Entretanto, o que Silas pede é a participação ATIVA de cristãos na política, o que não tem nada a ver com teocracia.
Ora, se um humanista pode participar da política, por que um cristão não pode? Essa é a concepção criada no imaginário popular por um grupo de interesse (esquerdistas), que NÃO QUEREM a participação dos religiosos tradicionais, mas sendo os esquerdistas os religiosos políticos da parada, isso significa que eles querem impor a religião deles sobre o restante. Algo como se dissessem: “A única religião permitida na atuação política é a religião política, que envolve o marxismo e humanismo, mas a religião cristã não pode ser permitida”. Não é preciso elaborar uma teoria complexa para notarmos que estamos diante de um caso de vested interest aí.
Curiosamente, muitos ainda não perceberam e acabam caindo nos truques, como o deste comentarista da matéria, Victor Lima: “Há muito conquistamos a separação entre a igreja e o estado, um verdadeiro progresso. O que esse cara quer é um retrocesso, abandonando tudo o que já conseguimos e voltando à época em que a igreja e o estado de misturavam. Esse cara é uma ameaça à democracia.”

Quais os truques que Victor tenta? Para começar, de acordo com o jogo de rótulos, ele tenta impor a si mesmo (e ao seu grupo) o rótulo de “defensor do estado laico”. Esse rótulo, ao ser utilizado, tenta fazer com que a platéia o perceba como o defensor da liberdade de religião, enquanto o seu oponente seria rotulado como aquele que quer “tolher” sua liberdade. O problema é que o estado laico nem de longe proibe que pessoas de uma determinada religião participem politicamente. Pelo contrário, o BANIMENTO de um grupo de participação religiosa aí sim é uma violação dos princípios do estado laico. Por isso, Silas Malafaia, ao propor uma participação política democrática de seu grupo está mais a favor do estado laico do que os mentirosos do lado humanista. Essa é a mensagem que deve ser passada, e os que estão do lado conservador deviam transmiti-la.

Além do truque básico, Vitor atribui ao oponente rótulos como “retrocesso” e “inimigo do estado laico”, além de uma “ameaça à democracia”. Notem que o jogo é exatamente esse, e este mapeamento comprova tudo o que este blog tem afirmado em termos de dinâmica social do jogo político. Entretanto, a verdade nos mostra que é Victor o obscurantista da questão, por tentar proibir um grupo de participar politicamente, o que poderia rotulá-lo como discriminador de grupos.
Por outro lado, ainda temos alguns cristãos mansos que aceitaram a camisa de força imposta pelo adversário e, mesmo sendo cristãos, querem repelir o discurso de Silas. Alceu Santos disse: “Ô meu Deus!… Que tristeza ler isso de um homem que se diz profeta de Deus para nossa nação! Ainda bem que a minha pátria é a celeste e estou aqui de passagem!”. Oscar da Silva Santos afirma: “Só lembrando que a idolatria entrou no cristianismo quando se começou a fazer concessões para que fosse melhor aceito em Roma.”

Ou seja, eles estão colocando lenha na fogueira que está sendo armada para queimá-los, e jogando para o time adversário. Foi para tratar pessoas deste tipo que sugeri a técnica do esmagamento mental.

Nas redes sociais, quem quiser atuar politicamente terá que ficar atento a detalhes como estes, em que temos oponentes ao conservadorismo que estão dominando o frame através de um efetivo jogo de rótulos (mesmo que mintam de forma contumaz), ao passo que muitos do lado conservador ainda estão embebidos de uma comovente ingenuidade. Ou a situação é mudada através da conscientização (e sugiro que vocês esclareçam os seus amigos conservadores a respeito desses truques o máximo possível), ou então a guerra política está perdida.
A mensagem tem que ser clara: “Se há uma Bancada Gay, por que não pode existir uma Bancada Cristã?”. E em seguida acusar os esquerdistas de discriminadores de cristãos, rastrear as ações mais relevantes, e ainda questionar ferrenhamente os conservadores e/ou cristãos que caíram nas artimanhas do adversário. Nesse momento, a proposta de Silas Malafaia merece apoio, e quaisquer truques feitos pelo oponente devem ser desmascarados. E quanto aos cristãos mansos? Desculpem-me, fellas, não é momento de tolerar “fogo amigo”.

Luciano Ayan
24 de julho de 2012

Nota do editor: Silas Malafaia está absolutamente certo em defender uma maior participação dos cristãos na política, e seu combate à agenda gayzista é exemplar. Sua incoerência, entretanto, está no que pratica. Manifestou, em duas eleições presidenciais, apoio a Lula, quando já era notória a sanha do PT em implementar radicalmente toda a estratégia do marxismo cultural. Para a prefeitura do Rio de Janeiro, está apoiando Eduardo Paes, que está decidido em tornar a cidade o maior destino do "turismo gay" no mundo. Também afirmou, em abril, que se o candidato apóia o gayzismo mas pode vir a favorecer aos cristãos, merece também o voto destes.

Título original: Dicas de guerra política na questão do apoio de Silas Malafaia à junção entre cristianismo e política'

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