Radiografia mais completa não poderia ter sido feita. Demonstrou o Procurador-Geral da República a culpabilidade de 36 dos 38 réus do mensalão. Claro que aos advogados dos mensaleiros caberá o contraditório, mas há uma diferença fundamental entre acusação e defesa. Esta se fará a conta-gotas, isoladamente, com cada patrono buscando livrar o seu cliente da condenação, mesmo às custas da delação e do sacrifício do ex-colega de quadrilha, ao tempo em que Roberto Gurgel estabeleceu a participação de todos num crime conexo exigindo a punição de todos.
Se um pensou e outro autorizou, se este operacionalizou e aquele financiou, incluindo-se ainda os que desviaram e superfaturaram recursos públicos, transportaram malas de dinheiro, distribuíram pelos partidos e por parlamentares – trata-se de uma trama única. Fulanos mais, beltranos menos, estão todos implicados, fora os dois contra os quais não se encontraram provas, no caso Luís Gushiken e Antônio Lamas.
O mérito do Procurador-Geral foi desenrolar e desvendar os fios da grande teia, mesmo havendo dúvidas sobre quem terá sido mesmo a aranha-mãe. Diversos crimes praticados interligaram-se para caracterizar o crime maior, a compra de votos no Congresso com a finalidade de assegurar maioria para o governo. Corrupção pura, sem tirar nem por.
De forma milimétrica, Roberto Gurgel levantou a relação entre as remessas de montes de dinheiro em espécie e a votação de projetos de interesse oficial, na Câmara dos Deputados, com a diferença de dias. Apontou quem recebeu, entre os partidos da base palaciana, e quem enviou, entre banqueiros, publicitários e altos funcionários públicos, sem esquecer quem foi buscar, situando-se a fonte em Belo Horizonte e São Paulo, com Brasília em menor escala. Revelou as ligações espúrias entre as partes e foi, cartesianamente, compondo o todo.
Daí sua intervenção na quinta-feira, antes das demais, contra a questão de ordem do advogado Márcio Thomaz Bastos, que pretendia desmembrar o julgamento dos quadrilheiros pelo envio do processo à primeira instância. Foi tudo uma coisa só, não obstante a existência de quem mandava e de quem obedecia. Todos implicados, fora as duas exceções referidas. Vale repetir o que escrevemos ontem: a voz rouca das ruas fez-se ouvir pela palavra do Procurador-Geral.
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NO RUMO DA CADEIA: JUNTOS OU ISOLADAMENTE?
Dúvidas ainda existem sobre detalhes do ritual estabelecido no Supremo Tribunal Federal. Os julgamentos de cada mensaleiro se farão de per si, em seqüência, estando até escolhido quem primeiro ocupará a cadeira de réu: José Dirceu. Supondo-se que o ex-chefe da Casa Civil venha a ser condenado a determinada pena de prisão, logo após o voto dos onze ministros ele será encaminhado a uma cela na Polícia Federal? Ou o plenário preferirá esperar a definição de todas as sentenças para só então reunir os sentenciados, numa leitura única? Em Nuremberg foi assim, ainda que os réus já estivessem presos desde o fim da guerra.
Se um pensou e outro autorizou, se este operacionalizou e aquele financiou, incluindo-se ainda os que desviaram e superfaturaram recursos públicos, transportaram malas de dinheiro, distribuíram pelos partidos e por parlamentares – trata-se de uma trama única. Fulanos mais, beltranos menos, estão todos implicados, fora os dois contra os quais não se encontraram provas, no caso Luís Gushiken e Antônio Lamas.
O mérito do Procurador-Geral foi desenrolar e desvendar os fios da grande teia, mesmo havendo dúvidas sobre quem terá sido mesmo a aranha-mãe. Diversos crimes praticados interligaram-se para caracterizar o crime maior, a compra de votos no Congresso com a finalidade de assegurar maioria para o governo. Corrupção pura, sem tirar nem por.
De forma milimétrica, Roberto Gurgel levantou a relação entre as remessas de montes de dinheiro em espécie e a votação de projetos de interesse oficial, na Câmara dos Deputados, com a diferença de dias. Apontou quem recebeu, entre os partidos da base palaciana, e quem enviou, entre banqueiros, publicitários e altos funcionários públicos, sem esquecer quem foi buscar, situando-se a fonte em Belo Horizonte e São Paulo, com Brasília em menor escala. Revelou as ligações espúrias entre as partes e foi, cartesianamente, compondo o todo.
Daí sua intervenção na quinta-feira, antes das demais, contra a questão de ordem do advogado Márcio Thomaz Bastos, que pretendia desmembrar o julgamento dos quadrilheiros pelo envio do processo à primeira instância. Foi tudo uma coisa só, não obstante a existência de quem mandava e de quem obedecia. Todos implicados, fora as duas exceções referidas. Vale repetir o que escrevemos ontem: a voz rouca das ruas fez-se ouvir pela palavra do Procurador-Geral.
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NO RUMO DA CADEIA: JUNTOS OU ISOLADAMENTE?
Dúvidas ainda existem sobre detalhes do ritual estabelecido no Supremo Tribunal Federal. Os julgamentos de cada mensaleiro se farão de per si, em seqüência, estando até escolhido quem primeiro ocupará a cadeira de réu: José Dirceu. Supondo-se que o ex-chefe da Casa Civil venha a ser condenado a determinada pena de prisão, logo após o voto dos onze ministros ele será encaminhado a uma cela na Polícia Federal? Ou o plenário preferirá esperar a definição de todas as sentenças para só então reunir os sentenciados, numa leitura única? Em Nuremberg foi assim, ainda que os réus já estivessem presos desde o fim da guerra.
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