Torcer e entender. Na Olimpíada, tento entender todos os esportes, até
badminton, mas não consigo. Compreendo apenas futebol, ou melhor, penso que
compreendo. Quando tenho certeza, uma bola entra por acaso e acaba com minha
pretensa sabedoria.
Não é o que pensa o espanhol Ferran Soriano, gestor empresarial e vice-presidente do Barcelona, entre 2003 e 2008. Ele é autor do ótimo livro “A bola não entra por acaso”.
Os narradores e comentaristas de televisão deveriam ser mais didáticos durante e nos intervalos das competições olímpicas. Em uma Copa do Mundo, ocorre o mesmo. Um número muito maior de pessoas que não entendem de futebol assiste aos jogos. Elas querem compreender, e não apenas torcer.
Nesta Olimpíada, há uma tentativa das televisões de discutir mais os detalhes técnicos do esporte. Mas é pouco. Não existe esse hábito na imprensa esportiva brasileira, especialmente no futebol.
Fora da Olimpíada, esses debates deveriam ser mais frequentes e aprofundados.
É o que faz a Globo News, sobre economia, política e outras áreas, com a presença de ótimos profissionais. Os apresentadores são também muito bem-preparados para isso. Perguntam e debatem em alto nível.
Há gente demais falando de futebol na televisão e gente de menos que entende do assunto.
Tempos atrás, havia um comentarista que tinha uma belíssima voz, que falava um ótimo português e que tinha uma grande audiência. Apenas não entendia de futebol. Para ele, independentemente dos detalhes de um jogo, as análises eram sempre as mesmas. Os times deveriam atacar mais pelos lados, avançar com mais velocidade, ser mais compactos, trocar mais passes e outras generalidades e lugares-comuns. Ele tem hoje vários seguidores na imprensa.
Trabalhei na televisão e sei como é difícil comentar uma partida ao vivo. Quando tudo parece definido, as análises já estão prontas, surge um lance inesperado, que muda a história do jogo.
O comentarista, rapidamente, precisa dizer algo interessante, novo, objetivo e curto, que não atrapalhe o pouquíssimo tempo da TV. Daí, a preocupação dos analistas em não definir nada. É mais fácil e seguro.
Duro é, em uma Copa do Mundo, com a obrigação de escrever rapidamente a coluna para o jornal, com ela já elaborada durante o jogo, ter de mudar tudo porque sai um gol decisivo, na prorrogação. Ainda mais para quem escreve à mão, como eu.
Um ótimo comentarista, de televisão e de jogos ao vivo, deveria ter as milhares de informações precisas do Paulo Vinícius Coelho, o olhar tático e acadêmico do Paulo Calçade, a visão crítica e incisiva do Mauro César e a capacidade de analisar todos os detalhes de um lance do Júnior.
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OS DOIS LADOS
Cuca, pensando no Atlético, na liderança, no ótimo momento do time e na má fase do Flamengo, tem razão em criticar, mas não de ficar melancólico, como mostrou na TV. Como, há muito tempo, critico e acho uma vergonha muitos gramados brasileiros, concordo com o adiamento do jogo, desde que seja realmente para melhorar o campo do Engenhão. O pedido foi feito pelo Botafogo, dono do estádio.
Aos poucos, Celso Roth acha a melhor formação tática e escolhe os melhores jogadores. Gostei do esquema tático, com Wallyson e Montillo, pelos lados, e Borges, pelo centro, com Tinga vindo de trás. Apesar do pênalti infantil que cometeu contra o Corinthians, em sua estreia, Sandro Silva poderá melhorar o meio-campo.
05 de agosto de 2012
Tostão (Jornal O Tempo)
Não é o que pensa o espanhol Ferran Soriano, gestor empresarial e vice-presidente do Barcelona, entre 2003 e 2008. Ele é autor do ótimo livro “A bola não entra por acaso”.
Os narradores e comentaristas de televisão deveriam ser mais didáticos durante e nos intervalos das competições olímpicas. Em uma Copa do Mundo, ocorre o mesmo. Um número muito maior de pessoas que não entendem de futebol assiste aos jogos. Elas querem compreender, e não apenas torcer.
Nesta Olimpíada, há uma tentativa das televisões de discutir mais os detalhes técnicos do esporte. Mas é pouco. Não existe esse hábito na imprensa esportiva brasileira, especialmente no futebol.
Fora da Olimpíada, esses debates deveriam ser mais frequentes e aprofundados.
É o que faz a Globo News, sobre economia, política e outras áreas, com a presença de ótimos profissionais. Os apresentadores são também muito bem-preparados para isso. Perguntam e debatem em alto nível.
Há gente demais falando de futebol na televisão e gente de menos que entende do assunto.
Tempos atrás, havia um comentarista que tinha uma belíssima voz, que falava um ótimo português e que tinha uma grande audiência. Apenas não entendia de futebol. Para ele, independentemente dos detalhes de um jogo, as análises eram sempre as mesmas. Os times deveriam atacar mais pelos lados, avançar com mais velocidade, ser mais compactos, trocar mais passes e outras generalidades e lugares-comuns. Ele tem hoje vários seguidores na imprensa.
Trabalhei na televisão e sei como é difícil comentar uma partida ao vivo. Quando tudo parece definido, as análises já estão prontas, surge um lance inesperado, que muda a história do jogo.
O comentarista, rapidamente, precisa dizer algo interessante, novo, objetivo e curto, que não atrapalhe o pouquíssimo tempo da TV. Daí, a preocupação dos analistas em não definir nada. É mais fácil e seguro.
Duro é, em uma Copa do Mundo, com a obrigação de escrever rapidamente a coluna para o jornal, com ela já elaborada durante o jogo, ter de mudar tudo porque sai um gol decisivo, na prorrogação. Ainda mais para quem escreve à mão, como eu.
Um ótimo comentarista, de televisão e de jogos ao vivo, deveria ter as milhares de informações precisas do Paulo Vinícius Coelho, o olhar tático e acadêmico do Paulo Calçade, a visão crítica e incisiva do Mauro César e a capacidade de analisar todos os detalhes de um lance do Júnior.
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OS DOIS LADOS
Cuca, pensando no Atlético, na liderança, no ótimo momento do time e na má fase do Flamengo, tem razão em criticar, mas não de ficar melancólico, como mostrou na TV. Como, há muito tempo, critico e acho uma vergonha muitos gramados brasileiros, concordo com o adiamento do jogo, desde que seja realmente para melhorar o campo do Engenhão. O pedido foi feito pelo Botafogo, dono do estádio.
Aos poucos, Celso Roth acha a melhor formação tática e escolhe os melhores jogadores. Gostei do esquema tático, com Wallyson e Montillo, pelos lados, e Borges, pelo centro, com Tinga vindo de trás. Apesar do pênalti infantil que cometeu contra o Corinthians, em sua estreia, Sandro Silva poderá melhorar o meio-campo.
05 de agosto de 2012
Tostão (Jornal O Tempo)
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