Mais agressivos do que os senadores na batalha pela liberação de emendas individuais, os deputadosfederais fazem da Câmara uma pedra no sapato da presidente Dilma Rousseff.
Levantamento feito com base nas votações do Congresso desde o início de 2011 aponta que os deputados da base têm sido menos fiéis ao governo que os senadores.
O comportamento tem se repetido no período de recesso branco. Propostas que não despertam grandes polêmicas estão emperradas justamente por causa da liberação de verbas.
Os dados da empresa de consultoria Arko Advice indicam que o apoio médio que Dilma teve nas matérias de interesse do governo desde que tomou posse ficou em 54,47%, resultado menor que o do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que contou com 55,75% de apoio.
A fidelidade governista ainda apresentou queda no primeiro semestre deste ano, com 50,07 contra 54,1% apurados no mesmo período de 2011.
Este ano, a dissidência governista se apresentou, principalmente, durante a votação do Código Florestal, que teve um texto aprovado pelos deputados que não atendia aos interesses do governo. "A bancada ruralista na Câmara é muito grande e os deputados são mais leais a essa causa que aos próprios partidos", explicou o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.
A rebelião dos parlamentares, no entanto, não se limita a propostas específicas. Na verdade, muitas vezes, o mérito não interessa tanto. O que pesa para os deputados na hora de peitar o Palácio do Planalto são as emendas individuais a que cada parlamentar tem direito, mas que, nem sempre, recebem a liberação da verba por completo.
É com a garantia desses recursos que são feitas as articulações e as alianças nos municípios e, quando não são liberadas, a irritação é grande.
Os próprios deputados reconhecem que suas motivações podem ser consideradas mesquinhas, mas a prática de chantagear o governo por causa do dinheiro das emendas tem sido usada até pela oposição. As últimas medidas provisórias do governo têm enfrentado dificuldade para passar no plenário depois que oposicionistas bateram o pé porque receberam menos emendas que a base aliada.
"No lugar da ideologia, as questões na Câmara têm se definido na base da "emendologia", o que é muito ruim para a política nacional", avaliou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "A Câmara parece um posto de gasolina em que o deputado chega para abastecer e não enche o tanque.
Quem criou isso foi a tradição brasileira do toma lá dá cá, do clientelismo, e o governo fica refém", critica o líder do PSol, deputado Chico Alencar (RJ).
ADRIANA CAITANO Correio Braziliense
O comportamento tem se repetido no período de recesso branco. Propostas que não despertam grandes polêmicas estão emperradas justamente por causa da liberação de verbas.
Os dados da empresa de consultoria Arko Advice indicam que o apoio médio que Dilma teve nas matérias de interesse do governo desde que tomou posse ficou em 54,47%, resultado menor que o do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que contou com 55,75% de apoio.
A fidelidade governista ainda apresentou queda no primeiro semestre deste ano, com 50,07 contra 54,1% apurados no mesmo período de 2011.
Este ano, a dissidência governista se apresentou, principalmente, durante a votação do Código Florestal, que teve um texto aprovado pelos deputados que não atendia aos interesses do governo. "A bancada ruralista na Câmara é muito grande e os deputados são mais leais a essa causa que aos próprios partidos", explicou o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.
A rebelião dos parlamentares, no entanto, não se limita a propostas específicas. Na verdade, muitas vezes, o mérito não interessa tanto. O que pesa para os deputados na hora de peitar o Palácio do Planalto são as emendas individuais a que cada parlamentar tem direito, mas que, nem sempre, recebem a liberação da verba por completo.
É com a garantia desses recursos que são feitas as articulações e as alianças nos municípios e, quando não são liberadas, a irritação é grande.
Os próprios deputados reconhecem que suas motivações podem ser consideradas mesquinhas, mas a prática de chantagear o governo por causa do dinheiro das emendas tem sido usada até pela oposição. As últimas medidas provisórias do governo têm enfrentado dificuldade para passar no plenário depois que oposicionistas bateram o pé porque receberam menos emendas que a base aliada.
"No lugar da ideologia, as questões na Câmara têm se definido na base da "emendologia", o que é muito ruim para a política nacional", avaliou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). "A Câmara parece um posto de gasolina em que o deputado chega para abastecer e não enche o tanque.
Quem criou isso foi a tradição brasileira do toma lá dá cá, do clientelismo, e o governo fica refém", critica o líder do PSol, deputado Chico Alencar (RJ).
ADRIANA CAITANO Correio Braziliense
16 de agosto de 2012
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