No mundo desenhado por Cristina Kirchner, com seis pesos o sujeito pode tomar leite, comer queijo, carne, frutas, legumes e cereais; o outro lado da moeda revela outra história
Uma história curiosa da Argentina. Por lá, o governo afirma que é possível se alimentar com menos de R$ 3 por dia.
A polêmica da semana ficou por conta do Indec - o instituto que mede os índices oficiais do país. Ele afirmou que uma pessoa pode comer com apenas seis pesos por dia. Café da manhã, almoço, lanches e jantar.
A notícia virou piada nas redes sociais. Logo a imprensa alinhada ao governo tentou salvar a pátria, dizendo que um supermercado oferecia uma lista de produtos para comer por $ 6,99 ao dia. Mas não é possível encontrar essa promoção. A equipe do Bom Dia Brasil ligou para o atendimento ao cliente e nos informaram que a oferta começou em agosto de 2009 e não tinha nada a ver com a afirmação do governo.
A ala não-governista da central de trabalhadores fez as contas: o valor mínimo diário para uma pessoa comer é de 19 pesos. Mais que isso, dizem professores de Nutrição da Universidade de Buenos Aires. Eles calculam que o mínimo necessário é quatro vezes o anunciado pelo governo. Ou seja, 24 pesos.
Esse é só mais um capítulo na interminável guerra aritmética da realidade argentina. O governo diz que a inflação não passa de 8% ao ano; as consultoras independentes dizem que vai para mais de 25%. No mundo desenhado por Cristina Kirchner, com seis pesos o sujeito pode tomar leite, comer queijo, carne, frutas, legumes e cereais; o outro lado da moeda revela outra história.
“Não se compra nada com seis pesos”, diz o gari. “Para comer, uma pessoa pode gastar 50 por dia, menos não”.
“Complicado, com seis pesos se consegue 1 litro de leite ou 2, um prato de massa”, calcula um rapaz.
“Não, não se pode comer bem com seis pesos, não dá. Só o leite custa três pesos”, reclama uma aposentada.
Para o barômetro da dívida social da Universidade Católica, quem tem menos de 12 pesos para comer por dia é indigente.
Segundo a comentarista Miriam Leitão, o governo está escondendo a inflação e manipulando os preços, o que só alimenta ainda mais o perigoso inimigo que os brasileiros e os argentinos conhecem muito bem.
16 de agosto de 2012
Délis Ortiz, Buenos Aires, Argentina
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