"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

GOVERNO ARGENTINO CAUSA POLÊMICA E DIZ QUE É POSSÍVEL COMER COM R$ 3

No mundo desenhado por Cristina Kirchner, com seis pesos o sujeito pode tomar leite, comer queijo, carne, frutas, legumes e cereais; o outro lado da moeda revela outra história



Uma história curiosa da Argentina. Por lá, o governo afirma que é possível se alimentar com menos de R$ 3 por dia.

A polêmica da semana ficou por conta do Indec - o instituto que mede os índices oficiais do país. Ele afirmou que uma pessoa pode comer com apenas seis pesos por dia. Café da manhã, almoço, lanches e jantar.

A notícia virou piada nas redes sociais. Logo a imprensa alinhada ao governo tentou salvar a pátria, dizendo que um supermercado oferecia uma lista de produtos para comer por $ 6,99 ao dia. Mas não é possível encontrar essa promoção. A equipe do Bom Dia Brasil ligou para o atendimento ao cliente e nos informaram que a oferta começou em agosto de 2009 e não tinha nada a ver com a afirmação do governo.

A ala não-governista da central de trabalhadores fez as contas: o valor mínimo diário para uma pessoa comer é de 19 pesos. Mais que isso, dizem professores de Nutrição da Universidade de Buenos Aires. Eles calculam que o mínimo necessário é quatro vezes o anunciado pelo governo. Ou seja, 24 pesos.

Esse é só mais um capítulo na interminável guerra aritmética da realidade argentina. O governo diz que a inflação não passa de 8% ao ano; as consultoras independentes dizem que vai para mais de 25%. No mundo desenhado por Cristina Kirchner, com seis pesos o sujeito pode tomar leite, comer queijo, carne, frutas, legumes e cereais; o outro lado da moeda revela outra história.

“Não se compra nada com seis pesos”, diz o gari. “Para comer, uma pessoa pode gastar 50 por dia, menos não”.

“Complicado, com seis pesos se consegue 1 litro de leite ou 2, um prato de massa”, calcula um rapaz.
“Não, não se pode comer bem com seis pesos, não dá. Só o leite custa três pesos”, reclama uma aposentada.

Para o barômetro da dívida social da Universidade Católica, quem tem menos de 12 pesos para comer por dia é indigente.

Segundo a comentarista Miriam Leitão, o governo está escondendo a inflação e manipulando os preços, o que só alimenta ainda mais o perigoso inimigo que os brasileiros e os argentinos conhecem muito bem.

16 de agosto de 2012
Délis Ortiz, Buenos Aires, Argentina

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