Vocês já imaginaram se ao ouvir o ministro Lewandowski dizer que se não lhe dessem o direito da tréplica ele não compareceria à sessão do julgamento do Mensalão na próxima segunda, os demais ministros, a tal da egrégia corte, se comportasse egregiamente e dissesse em uníssono: “Então não venha!”, que maravilha seria?
Uma ameaça, uma chantagem velada ser enfrentada assim de frente, com um taxativo não venha!, pode não ser o que diz o Regimento do STF, mas é o que com certeza sente todo brasileiro independente e altivo.
É o cúmulo um juiz se comportar como um astucioso – ou fazem como quero eu, ou não venho mais – e o tal do colendo tribunal sujeitar-se à Sua Excelência!
O que o ministro Lewandowski tem é que explicar porque o Pizzolato é culpado e o João Paulo Cunha, não.
Explicar muito bem explicadinho onde ele viu a diferença entre os dois fatos.
E esclarecer, para o brasileiro comum que está muito ligado no julgamento, muito mais do que os preclaros colendos podem pensar, porque ele se comportou como advogado de defesa dos réus e não como revisor do voto do relator.
E qual seu real interesse em atrasar tudo.
Noutro dia, aqui no blog, li um artigo de Augusto Nunes que chamava a atenção pelo título:
No STF fala-se o dialeto que usa fraque, cartola e polainas
De pronto, ao recordar as dezenas de vezes que ouvimos Vossa Excelência pra lá e pra cá, egrégia corte, insigne, preclaro, douto, o tempo que perdem com esses rapapés, a decalagem entre o linguajar dos venerandos juízes naquele recinto fechado ao sol e a linguagem aqui fora, além de rir com o texto delicioso, pensei que já era mais do que hora do Regimento Interno do STF atualizar sua linguagem.
Boa ideia aposentar o fraque, as polainas e a cartola e... mal o pensamento invadiu meu coração, gelei. Deus nos livre! Com esse atávico pendor que temos para um excesso de à vontade dali a pouco tempo teríamos juízes em plenário envergando belas camisetas, bermudas e havaianas!
E nas discussões e debates o mesmo tempo seria perdido com um linguajar mais pobre e mais ridículo ainda. Em vez de egrégia corte seria a galera amiga; em vez de Vossa Excelência, ei, psiu, cara!; em vez de pela ordem, um dá um tempo aí, brother.
Não, não, vamos esquecer os fraques e seus complementos e os capinhas e todas as mordomias: o importante é insistirmos, como verdadeiros detentores do Poder – assim reza a Constituição que o STF guarda – mas insistir para valer, na mudança do sistema de escolha dos Juízes do Supremo. Como está, não pode continuar.
Já pensaram no risco que corremos ainda este ano? Em 3 de setembro, se aposenta o ministro Peluso. E em 18 de novembro, o presidente do Tribunal...
Aí, amigos, se esse julgamento ainda não estiver concluído...
Melhor nem pensar.
24 de agosto de 2012
Maria Helena RR de Sousa
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