Pois não é que dizem que no tempo do governo militar um sujeito muito covarde decidiu que seria bom passar uns tempos na Banda Oriental, também conhecida por Uruguay.
Convenceu os familiares e amigos e a si mesmo, de que estava em perigo de vida, que o DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) estava a horas de levá-lo preso. Vestiu uma roupa de prenda e saiu de seu pago no centro do Rio Grande do Sul tomando o caminho do Sudoeste.
Infelizmente atraiu a atenção de alguns motoristas de caminhão, encantados com prenda tão atraente que trataram de servir-se dele como se uma Geny do Zeppelin fosse.
Seduzido e abandonado, com um intensa ardência nas artes posteriores, temeroso de ter contraído alguma doença sexualmente transmitida decidiu que tinha necessidade de cambiar seu disfarce. Passando por uma modesta casa de peão de estância arrombou-a e serviu-se de um traje completo de gaúcho. De lambujem apropriou-se de um cavalo encilhado.
Errou pelos campos durante alguns dias, alimentando-se de restos de comida do lixo das churrascarias.
Em dado momento, tendo roubado a guaiaca de uma guasca que se banhava numa sanga, estava lá pras bandas do Alegrete, quando caiu a noite!
Tendo dinheiro achegou a uma pousada e foi entrando e pedindo pouso, arremedando um legítimo sotaque de gaúcho, coisa que normalmente, na condição de pseudo-intelectual não fazia.
- Mais óia, vivente! Não tem mais quarto vago! Tá tudo ocupado! – exclamou o dono da pousada.
- Mas não tem nem uma cama pra mim encostá o lombo? Tô viajando o dia todo!
- Tem um quarto com duas camas, mas já tem um peão dormindo lá, serve?
- Não tô pra escolhê, serve!
- O índio é meio chegado numa canha! Deve tá borracho e não vai protestá!
O sujeito tirou as botas e se deitou! Lá pelas tantas, de madrugada, acordou com uma baita caganeira! Levantou-se e saiu correndo pra casinha, mas não deu tempo… deu-se a tragédia! E o pior é que ele estava convencido de que precisava seguir viagem de manhãzita, senão o DOPS poderia alcançá-lo!
E agora? Olhando para o índio estabacado na cama, viu que a bombacha dele era igualzinha a sua e o tamanho também!
O sujeito teve uma idéia: tirou a bombacha carimbada, lavou-se como pôde, tirou a bombacha do borracho e lhe enfiou a sua! Antes de sair o sol, encilhou o seu pingo e se mandou mundo a fora!
Muitos anos depois, o sujeito andava em campanha política pela região. Já fora ministro, prefeito e outros cargos. Agora queria ser governador. De repente lembrou-se do vivente e do causo da bombacha trocada! Mordido pela curiosidade, chegou na pousada e perguntou pelo índio com quem dividira o quarto naquela fatídica noite!
- Pois ficô? lôco, tchê! Tá internado no hospício!
- Ué, mais por quê??!
- De tanto pensá em como é que ele conseguiu cagá as bombacha sem cagá as cueca!
Dizem que o fugitivo desta história continua colocando suas roupas emerdadas nos outros, mas agora, como governador, em todo o povo de seu estado.
24 de agosto de 2012
Ralph J. Hofmann
Nenhum comentário:
Postar um comentário