"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PORTUGAL CUMPRIU A PROMESSA: REAL FORTE DO PRÍNCIPE DA BEIRA (RO)

 

"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."

E assim foi feito: na margem direita do rio Guaporé (hoje Guajará-Mirim), fronteira com a Bolívia, em plena floresta amazônica, ergueram o Real Forte Príncipe da Beira, um feito que não poderia ter sido desmerecido com o abandono...


Após a assinatura do Tratado de Madri (1750), Portugal preocupou-se em assegurar a posse do território que lhe cabia segundo o Tratado de Tordesilhas e dessa forma garantir a fronteira do Brasil. Houve tratados posteriores e algumas reformas da linha demarcada em Tordesilhas, mas o Príncipe da Beira colaborou pela manutenção de nosso território.

Em sua pedra fundamental está gravado: “Sendo José I, Rei Fidelíssimo de Portugal e do Brasil, Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, por escolha da Majestade Real, Governador e Capitão-General desta vastíssima Província do Mato Grosso, planejou para ser construída a sólida fundação desta Fortaleza sob o Augustissimo nome do Príncipe da Beira com o consentimento daquele Rei Fidelíssimo e colocou a primeira pedra no dia 20 do mês de junho do ano de Cristo de 1776”.

No século XIX foi usado como presídio político. Abandonado à época da Proclamação da República, já em ruínas foi visitado pelo marechal Rondon que, muito surpreso com obra tão surpreendente naquele local, mandou que limpassem a mata que o sufocava e se empenhou para que dele cuidassem. Desde 1930, é novamente guarnecido pelo Exército Brasileiro.


Em 1950, tombado pelo IPHAN após quase 200 anos de abandono, foi iniciado um amplo programa de restauração. As pesquisas arqueológicas mostram grande quantidade de artefatos de funções militares e elementos da vida cotidiana na fortaleza, peças cujas informações serão fundamentais nas etapas subseqüentes de revitalização e transformação do forte em museu. Sua plena restauração foi iniciada em 2009.

É quase inacreditável a existência desse gigantesco forte no local onde está. Em nossos dias seria muito trabalhosa a sua construção. Imaginemos então o que deve ter sido no século XVIII. Tirando o barro com que se podia fazer os tijolos, e a água em abundância, tudo o mais foi levado para lá debaixo dos maiores sacrifícios e esforços.

Aos portugueses devemos a criação do Forte. Ao nosso marechal Rondon devemos o fato do governo federal, no século passado, voltar seus olhos para essa relíquia. E ao Exército Brasileiro o cuidado com que cuida do que é nosso.

Mas nada como a associação de imagens e palavras para que nós tenhamos pelo menos uma ideia do que é o Forte que, espero, ainda será uma das maiores atrações turísticas de nossa Amazonia. Assistam:



Município de Costa Marques, Rondônia.
 
24 de agosto de 2012
in blog do noblat

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