Artigos - Movimento Revolucionário
Parece ser um movimento crescente no Brasil e no mundo, o da intolerância às opiniões contrárias. Mas não é qualquer intolerância: é aquela que usa, como pretexto específico para não tolerar, o fato de ser “a favor da liberdade” e contra o “preconceito”. Os neofascistas põem uma mordaça na boca dos opositores e lhes ameaçam de modos vários, tudo em nome da liberdade de expressão, contra a discriminação e o preconceito.
Os conceitos de “liberdade”, “discriminação” e “preconceito” foram completamente distorcidos por eles.
Os neofascistas são tolerantes – com eles próprios; não discriminam ninguém – só os opositores; não têm preconceito – exceto contra os contrários, que são sempre “fundamentalistas religiosos” ou “conservadores reacionários”; eles defendem a liberdade de todo mundo – menos a de quem não concorde com eles.
Em agosto, um senhor de 70 anos foi convidado a palestrar na Unesp, em Franca (SP); chegando lá, foi expulso com gritos de “nazista” e “assassino” por uma horda de estudantes, que ainda ameaçaram agredi-lo e só não o fizeram porque foram apartados. O senhor hostilizado era o príncipe dom Bertrand de Orleans e Bragança, trineto de dom Pedro II. Não importava que tivesse 70 anos: para aqueles estudantes, ele era um opositor, um inimigo, não era do clube. Um príncipe? Que tinham a ver com aquele representante das “elites”? O príncipe merecia ser expulso e, se necessário fosse, agredido.
Em 2008, um outro senhor de idade, em um outro país, foi vítima das mesmas injúrias e agressões verbais. O Papa Bento XVI tinha sido convidado a discursar na Universidade La Sapienza, de Roma, fundada pelo Papa Bonifácio VIII em 1303. Um grupo de professores e alunos mostrou as garras contra a visita a ponto de o evento ser cancelado.
Os revoltosos alegavam que o Papa “não era a favor da liberdade” – mas que defesa vigorosa da liberdade é esta que impede o Papa de discursar livremente em La Sapienza? “Você é livre, desde que do meu lado”, parece ser a resposta.
Nos EUA, defensores da vida humana em todos os seus estágios, desde a concepção até a morte natural, são classificados pela administração Obama como “grupo terrorista”: relatório do Departamento de Segurança Nacional coloca na lista de possíveis “terroristas” grupos que defendam a vida, os pro-life, na categoria de “terrorismo por motivação ideológica” – isso apesar de nunca um pro-life ter se envolvido em qualquer atentado terrorista, embora sedes de movimentos pró-vida já tenham sido atacadas a tiros por opositores.
É preocupante uma defesa da liberdade cuja única maneira de existir seja o cerceamento das opiniões contrárias, o amordaçamento e até mesmo a agressão. O neofascismo caminha a passos largos. Ele persegue todos que não compactuem consigo. E nós ficamos cada dia mais temerosos de uma prisão e nos calamos. Quanta liberdade...
23 de setembro de 2012
Taiguara Fernandes de Sousa é editor da revista Vila Nova.
Publicado no jornal Gazeta do Povo.
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