Internacional - Estados Unidos
Foi assim no debate da semana passada. Um massacre de Mitt Romney. Os americanos viram: 67% deram a vitória ao candidato republicano no levantamento da CNN. De 8 pontos atrás nas pesquisas, Romney passou para 4 à frente, segundo o Pew Research Center.
Vale a pena assistir no YouTube. Depois de 4 anos, o presidente mais superprotegido da história universal — aquele que fomenta a crise econômica para tirar dela o proveito político, deixando 63 milhões de americanos dependentes da ajuda governamental — finalmente ficou nu.
Não podendo gritar "Racista!", "Homofóbico!" e "Matador de velhinha!", como fazem seus propagandistas, teve de distorcer as propostas do adversário com a sonsice impostada e robótica que lhe fez a fama.
Atribuiu-lhe um plano de cortar US$ 5 trilhões de impostos e, mesmo desmentido, insistiu na mentira, levando Romney a dar uma resposta para a posteridade:
"Mr. President, you're entitled, as the president, to your own airplane and to your own house, but not to your own facts."
(Sr. Presidente, você tem direito, como presidente, ao seu próprio avião e à sua própria casa, mas não aos seus próprios fatos.)
Atribuiu-lhe, também, a redução dos impostos pagos pelos americanos de alta renda e, mesmo desmentido, insistiu mais uma vez na mentira, levando Romney a dar mais uma resposta para a posteridade:
"Look, I got five boys. I'm used to people saying something that's not always true, but just keep on repeating it and ultimately hoping I'll believe it — but that is not the case, all right?"
(Olha, eu tenho cinco filhos. Estou acostumado com pessoas dizendo algo que nem sempre é verdade, mas que simplesmente continuam repetindo e, finalmente, esperando que eu vá acreditar — mas não é o caso, certo?)
All right. Certo. Mas agora, caindo nas pesquisas, o que Obama está fazendo?
Em primeiro lugar, o que não fez no debate: piadinhas — como, por exemplo, a do pássaro Garibaldo, da Vila Sésamo, que seria "demitido" por Romney, disposto a cancelar a verba destinada ao canal público PBS para cortar gastos do governo.
[Isto, aliás, me lembrou outro seriado. No episódio "The Comeback", de Seinfeld, o barrigudinho careca George Costanza só consegue pensar em uma boa resposta à provocação de um colega de trabalho muito depois da reunião, de modo que passa dias obcecado pela oportunidade de "dar o troco". Obama é o George Costanza do debate eleitoral. No dia seguinte, tem sempre pronta a piadinha que não veio na hora. (Com a diferença, claro, de que George ao menos a pensou sozinho.) Imagino como está ansioso para "dar o troco" no dia 16.]
Em segundo lugar — agora de longe, como prefere — Obama está insistindo novamente na mentira, como se o Mitt Romney do debate não tivesse sido o mesmo Mitt Romney da campanha — o que, de certo modo, é verdade. Romney estava muito melhor.
Obama, por outro lado, era exatamente o mesmo. Sempre foi assim. Falsifica as ideias do adversário com a mesma naturalidade com que falsificou seus próprios documentos.
Só que, dessa vez, estava sem papai e mamãe.
Escrito por Felipe Moura Brasil
11 Outubro 2012
*****
Nota de rodapé 1: Al Gore, em seu momento Dunga, culpou a altitude de Denver pelo mau desempenho de Obama. É a primeira vez, sem dúvida, que o Messias têm problemas com as alturas.
Nota de rodapé 2: A Venezuela chegou ao fundo do poço. Os Estados Unidos, ainda não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário