Na edição de O Globo de sábado, Juliana Castro e Marcelo Remígio publicaram matéria destacando o fortalecimento do governador Sérgio Cabral no PMDB do Rio de Janeiro, num processo político que o coloca acima do poder de decisão do ex-deputado Jorge Picciani, presidente da regional partidária.
Esperado, movimento lógico. O governador ocupa a chefia do executivo, Picciani encontra-se sem mandato e, além do mais, Sérgio Cabral já lançou a candidatura Luiz Fernando Pezão ao Palácio Guanabara em 2014. Inclusive com o apoio do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff.
Ficou difícil para Lindberg Farias, agindo de forma surpreendente por decisão do Tribunal de Justiça que o inviabiliza. Mas ainda que a decisão venha a ser reformada, pelo TRE ou pelo Tribunal Superior de Justiça, ficou evidente que o nome do vice Pezão é que se ajusta à campanha de Dilma pela reeleição. Lindberg estaria bloqueado no PT, seu próprio partido. Sem discutir o mérito da questão, trata-se de forte complicador.
No PMDB, o governador Sérgio Cabral ficou absoluto. Impossível que possa perder a convenção estadual. Sobretudo porque é possível que renuncie seis meses antes para se candidatar ao Senado, o que faria Pezão assumir em abril de 2014, podendo disputar o governo no cargo.
Como Lindberg poderia enfrentar tal barreira? A perspectiva de trocar de legenda é absolutamente remota. Se assim agisse, abriria espaço para o crescimento do adversário aparente junto a correntes petistas. PMDB e PT consolidariam sua aliança nacional cimentando mais uma ponte estadual. Mais uma no país.
Outro motivo para fortalecimento de Sérgio Cabral a vitória de Eduardo Paes, por maioria absoluta, no primeiro turno das eleições pela prefeitura da capital, claro a mais importante de todas do Estado. Os reflexos estão fazendo-se sentir nas áreas carioca e fluminense. Sérgio Cabral com Eduardo Paes conquistou importante vitória.
Aliás foi Eduardo Paes, derrotando Fernando Gabeira, em 2008, que fortaleceu sua liderança. Sérgio havia perdido eleições na Baixada Fluminense, São Gonçalo e Niterói. Mas ganhou no Rio e o Rio é um dos maiores colégios eleitorais do país e possui um poder de irradiação muito intenso. Além de tudo isso, experiente como é, Picciani não se afastará de Cabral. Inclusive porque afastar-se do governador seria afastar-se da aliança federal PT-PMDB.
As cartas estão lançadas. Com a vitória de Eduardo Paes, o governador credencia-se a ter seu nome lembrado até para vice-presidente, mas este caminho não o interessará, tampouco seria facilmente alcançado, pois implicaria na substituição de Michel Temer e este, vale acentuar, é o presidente nacional do partido.
Em política não se pode ter bola de cristal, é verdade. Os fatos podem mudar a qualquer momento. Mas também no voo livre da análise não se pode, logicamente, argumentar com o improvável.
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