"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

HISTÓRIAS DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

O PARTIDO DO BENEDITO


Era nos fins de 1944, a guerra acabando, a União Soviética avançando sobre Berlim, a ditadura de Vargas se desmanchando, a oposição criando a UDN em torno de Eduardo Gomes e os comunistas saindo da toca e exigindo anistia e legalidade para Prestes e os presos.
Os interventores Benedito Valadares, de Minas, Fernando Costa, de São Paulo, Agamenon Magalhães, de Pernambuco, Amaral Peixoto, do Estado do Rio, o prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek e o prefeito do Rio Henrique Dodsworth começaram a reunir-se no apartamento de Benedito, no Rio, para criarem o partido do governo.

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BARBOSA LIMA
Qual o nome? PD (Partido Democrático). Benedito, que só era burro quando queria enganar a soberba UDN mineira, propôs:

- Olhem para a Europa. Os tempos são outros. Vamos botar uma pitada de social nisso ai. Vamos chamar o partido de “Social Democrático”.
E um pernambucano ilustre, Barbosa Lima Sobrinho, amigo de Agamenon Magalhães, redigiu o primeiro programa do PSD, que nasceu em 17 de julho de 45 com “uma pitada de social”. Jogaram a UDN para a direita, da qual nunca conseguiu sair, e onde morreu e se enterrou.


Nem de direita nem de esquerda

KASSAB

O prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, havia anunciado que o partido que está fabricando iria chamar-se PDB (Partido Democrático Brasileiro). Depois, mudou o nome para PSD (Partido Social Democrata), alegando que era “uma homenagem a Juscelino Kubitschek”.

Respeito é bom e Juscelino e a Historia merecem. Juscelino dispensaria a homenagem. Tinha que pagar royalties era a Benedito. Kassab diz que seu partido não será de direita, de centro, nem de esquerda. O ex-prefeito Cesar Maia, do DEM Rio, que entende de partidecos, zomba:

- “Um partido que nasce dizendo não ser de direita, de centro ou de esquerda é um partido politicamente de nada”.
Mais do que de nada. De baixo. De fundos.

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FUNDOS

Na década de 50, o baiano Helio Machado candidatou-se a prefeito de Salvador pelo PDC (Partido Democrata Cristão. Slogan da campanha:

- “Nem para a direita nem para a esquerda.Para a frente e para o alto”.

O partido do quibe Kassab-Afif deveria chamar-se PFP (Partido do Fundo Partidário). Estão todos é atrás de uma fatia do Fundo Partidário, que distribui milhões aos partidos. Basta comprar alguns deputados.

O Fundo Partidário é a nova saúva nacional : ou se acaba com o Fundo Partidário ou o Fundo Partidária vai acabar com os partidos. Cada novo partido que surge não nasce para ser um partido, mas para comer uma lasca do Fundo Partidário. Já estão chegando a 30. Logo serão 50.

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POLIVALENTE

Já há projetos no Congresso para dobrar a verba do Fundo. Na “Folha”, a brilhante Renata Lo Prete dizia que “Kassab é um ambivalente”.
Nada disso, Renata. Ele é um “polivalente”. O Aurélio ensina :
- “Polivalente : que é eficaz em varios casos diferentes, versatil, que oferece varias possibilidades de aplicação ou emprego”. Sobretudo emprego
Como outros, não é um partido. É mais um armarinho, uma quitanda.

15 de outubro de 2012
Sebastião Nery

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