Grupo de Temer reage à ideia de Paes: Cabral na vice instituiria ‘República dos Guardanapos’
Irritação, esse é o sentimento que Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio, ateou no grupo político do vice-presidente Michel Temer ao lançar o nome do governador Sérgio Cabral para companheiro de chapa de Dilma Rousseff na sucessão de 2014. “A declaração foi inapropriada e despropositada”, disse Geddel Vieira Lima, verbalizando o desconforto.
Neste domingo (14), de passagem por São Paulo, Paes afirmou: “O que a gente pensa para a aliança PT-PMDB para 2014, o que eu quero, é que o Sérgio Cabral seja o vice da Dilma. A gente gosta e respeita o vice-presidente Michel Temer, mas agora é a vez do governador Sérgio Cabral ser o vice.”
Ex-ministro de Lula e atual vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel reagiu assim: “O que o Eduardo Paes propõe é a instituição da República dos Guardanapos”. Uma alusão às vilegiaturas europeias de Cabral, na companhia de secretários do seu governo e do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta.
As viagens foram registradas em vídeo e fotos. Cenas que Anthony Garotinho, inimigo de Cabral, levou à web. Numa das fotografias, Cavendish e dois secretários do governo do Rio (Sérgio Cortes e Wilson Carlos) aparecem, guardanapos amarrados na cebeça, na célebre cena do restaurante do Hotel Ritz de Paris. No vídeo, Cabral celebra o aniversário da mulher Adriana Ancelmo, numa mesa que inclui o casal Cavendish, no restaurante Luís XV, no Hotel de France, em Mônaco.
Quer dizer: ao invocar os guardanapos, Geddel insinua que Paes lança para a vaga de Temer não uma boa alternativa de vice, mas uma encrenca capaz de empurrar para dentro da chapa reeleitoral de Dilma o empreiteiro da Delta, construtora do escândalo Cachoeira.
Veiculadas pela primeira vez na véspera, as palavras de Paes levaram o próprio Cabral a tocar o telefone para Temer. Esforçando-se para tomar distância da ideia do prefeito carioca, seu amigo e apadrinhado político, o governador reiterou no telefonema apoio à reedição da chapa presidencial eleita em 2010.
Antes, Cabral já havia pendurado no Twitter um lote de notas sobre o tema. Disse ter ficado “muito feliz com a lembrança do meu nome para vice-presidente da República.” Mas cuidou de recordar: “O PMDB já tem na vice-presidência Michel Temer.” Elogiou-o: “Tem sido um grande companheiro de jornada da presidenta Dilma.” Afagou-o: “Merece, junto com a presidenta, se reeleger vice-presidente em 2014. Com o meu total apoio.”
A despeito dos gestos de Cabral, os partidários de Temer enxergaram no movimento nascido no Rio um quê de operação casada. No dizer de Geddel, Paes pronunciou “não uma declaração espontânea, mas uma frase a serviço, o que é grave.” Ele desdenhou: “No PMDB, a voz do Paes é nula. Outro dia ele disse que é prefeito do Rio, não do PMDB. A história dele mostra que, de fato, ele não tem partido político. É um nômade partidário.” (antes de filiar-se ao PMDB, Paes passara pelo PV, ex-PFL, PTB e PSDB).
Como se vê, a homenagem de Paes a Cabral ainda deve render muito pano para discórdia no interior do PMDB. Pano bem maior do que um guardanapo. Temer e seus aliados já traziam atravessada na traquéia a especulação sobre o suposto interesse de parte do PT de acomodar na vice de Dilma o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB). Nesse contexto, o movimento pró-Cabral ganha um sabor de Silvério.
15 de outubro de 2012
Josias de Souza - UOL
Irritação, esse é o sentimento que Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio, ateou no grupo político do vice-presidente Michel Temer ao lançar o nome do governador Sérgio Cabral para companheiro de chapa de Dilma Rousseff na sucessão de 2014. “A declaração foi inapropriada e despropositada”, disse Geddel Vieira Lima, verbalizando o desconforto.
Neste domingo (14), de passagem por São Paulo, Paes afirmou: “O que a gente pensa para a aliança PT-PMDB para 2014, o que eu quero, é que o Sérgio Cabral seja o vice da Dilma. A gente gosta e respeita o vice-presidente Michel Temer, mas agora é a vez do governador Sérgio Cabral ser o vice.”
Ex-ministro de Lula e atual vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel reagiu assim: “O que o Eduardo Paes propõe é a instituição da República dos Guardanapos”. Uma alusão às vilegiaturas europeias de Cabral, na companhia de secretários do seu governo e do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta.
As viagens foram registradas em vídeo e fotos. Cenas que Anthony Garotinho, inimigo de Cabral, levou à web. Numa das fotografias, Cavendish e dois secretários do governo do Rio (Sérgio Cortes e Wilson Carlos) aparecem, guardanapos amarrados na cebeça, na célebre cena do restaurante do Hotel Ritz de Paris. No vídeo, Cabral celebra o aniversário da mulher Adriana Ancelmo, numa mesa que inclui o casal Cavendish, no restaurante Luís XV, no Hotel de France, em Mônaco.
Quer dizer: ao invocar os guardanapos, Geddel insinua que Paes lança para a vaga de Temer não uma boa alternativa de vice, mas uma encrenca capaz de empurrar para dentro da chapa reeleitoral de Dilma o empreiteiro da Delta, construtora do escândalo Cachoeira.
Veiculadas pela primeira vez na véspera, as palavras de Paes levaram o próprio Cabral a tocar o telefone para Temer. Esforçando-se para tomar distância da ideia do prefeito carioca, seu amigo e apadrinhado político, o governador reiterou no telefonema apoio à reedição da chapa presidencial eleita em 2010.
Antes, Cabral já havia pendurado no Twitter um lote de notas sobre o tema. Disse ter ficado “muito feliz com a lembrança do meu nome para vice-presidente da República.” Mas cuidou de recordar: “O PMDB já tem na vice-presidência Michel Temer.” Elogiou-o: “Tem sido um grande companheiro de jornada da presidenta Dilma.” Afagou-o: “Merece, junto com a presidenta, se reeleger vice-presidente em 2014. Com o meu total apoio.”
A despeito dos gestos de Cabral, os partidários de Temer enxergaram no movimento nascido no Rio um quê de operação casada. No dizer de Geddel, Paes pronunciou “não uma declaração espontânea, mas uma frase a serviço, o que é grave.” Ele desdenhou: “No PMDB, a voz do Paes é nula. Outro dia ele disse que é prefeito do Rio, não do PMDB. A história dele mostra que, de fato, ele não tem partido político. É um nômade partidário.” (antes de filiar-se ao PMDB, Paes passara pelo PV, ex-PFL, PTB e PSDB).
Como se vê, a homenagem de Paes a Cabral ainda deve render muito pano para discórdia no interior do PMDB. Pano bem maior do que um guardanapo. Temer e seus aliados já traziam atravessada na traquéia a especulação sobre o suposto interesse de parte do PT de acomodar na vice de Dilma o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB). Nesse contexto, o movimento pró-Cabral ganha um sabor de Silvério.
15 de outubro de 2012
Josias de Souza - UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário