Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
O processo de paz que acaba de ser protocolado em Oslo, é apenas um passo a mais dentro da guerra das FARC contra a Colômbia. Como sempre disseram e fizeram.
O objetivo fundamental das FARC nestes diálogos não é negociar a agenda pré-acordada com delegados do governo nacional, pois isto não lhes importa nem faz parte de seus planos. Elas necessitam dessa agenda para manipular, como já o demonstrou Iván Márquez em Oslo. E, se trata-se do argumento de que este processo tem agenda completa, é um erro acreditar nisso.
As conversações anteriores em Uribe-Meta, Caracas, Tlaxcala e no Caguán também tiveram agendas. E em todos os casos as FARC aduziram que o governo não as cumpria, enquanto que ao mesmo tempo com suas afirmações propagandísticas cometeram atos de barbárie que obrigaram o governo de turno a se retirar da mesa.
Porém, claro, dentro da lógica marxista-leninista foram as FARC que atuaram dentro do lado e procedimento corretos, mas o governo não quis continuar dialogando. Até este ponto da realidade vivida até hoje, o de Noruega e Cuba é mais do mesmo com outra roupagem.
Porém, como o que interessa para a análise estratégica é saber o quê querem as FARC e para onde vão? A resposta é simples:
Elas querem reconhecimento político nacional e internacional. Não é uma invenção de última hora. É um componente essencial do Plano Estratégico das FARC, que pretende a legitimação política em dois cenários definidos:
1. Entorno internacional: que lhes retirem o qualificativo de terroristas, que Chávez, Correa, Ortega, Fidel, Evo, Cristina Kirchner e Dilma lhe concedam embaixadas e os reconheçam como exército revolucionário, com a perigosa possibilidade incluída de articulá-los a um eventual ataque militar conjunto de Nicarágua, Venezuela e até o Equador em cumprimento do Plano Guaicapuro, para meter a Colômbia no curral do socialismo do século XXI.
Isso explica ardis tais como: a idéia das FARC de embutir Cuba e Venezuela como facilitadores com o Chile como convidado de pedra, algo assim como pôr o gato para cuidar do queijo que o rato rouba; iniciar os diálogos na Noruega e lá soltar uma catarata de agressividade verbal; incluir a terrorista holandesa na mesa de Havana já que não puderam em Oslo; pedir a participação de Simón Trinidad para ver se o governo dos Estados Unidos morde a isca e de passagem reconheça que a justiça norte-americana se equivocou ao encarcerar um dissidente político de uma “república bananeira”; ressaltar em primeiro plano o quase cego Santrich, para despertar simpatias humanitárias acaloradas, etc.
2. Entorno nacional: Legitimar o movimento político sucessor da UNO e União Patriótica, como falsa fachada pluralista do Partido Comunista Colombiano mas, por razões óbvias, nunca reconhecer que são dos mesmos. Pelo contrário, os camaradas que na legalidade reclamam liberdades e democracia mas que com suas atuações apadrinham as FARC, utilizarão toda sua maquinaria de propaganda com organizações sociais e políticas dentro e fora do país, para assinalar como responsável o Estado e a todo aquele que diga que as FARC e o novo movimento político são a mesma coisa, de tudo o que aconteça contra este cavalo de Tróia.
O ambicioso plano aponta para obrigar o Estado a proteger os membros do Movimento Bolivariano Clandestino das FARC, as Milícias Bolivarianas das FARC e os integrantes do Partido Comunista Clandestino das FARC, que se infiltrarão dentro das organizações políticas e sociais dos idiotas úteis de sempre.
Entretanto, os mencionados personagens que advogam a gritos pela “solução negociada do conflito” (mas de acordo com a conveniência das FARC), farão campanha política em honra de ganhar cadeiras no Congresso, nas Assembléias estaduais e municipais, nas prefeituras, com candidatos que mordam a isca e acreditem na pureza do movimento político pluralista infiltrado pelas FARC e seus sócios desarmados.
O propósito intermediário da trama é conseguir o governo de transição, projeto político totalitarista, que aparece muito bem detalhado nos computadores de Reyes, Jojoy e Cano, com vistas a avançar para a tomada do poder e a integração da Colômbia ao socialismo do século XXI.
Esta hipótese infere que chegará o momento em que as conversações vão se esgotar pela obstinação das FARC em manipular a agenda que, apesar de ter cinco pontos definidos, é etérea por si só.
Portanto, as FARC retornarão à guerra, Chávez e seus sócios provavelmente lhes terão concedido o direito de instalar embaixadas, e o Estado colombiano será obrigado a proteger os candidatos do movimento político amplo manipulado pelas FARC.
Em síntese, o processo de paz que acaba de ser protocolado em Oslo, é apenas um passo a mais dentro da guerra das FARC contra a Colômbia. Como sempre disseram e fizeram.
O preocupante do assunto é que nem o governo, nem as universidades, nem o Congresso, nem a Procuradoria, nem a Defensoria do Povo, nem os meios de comunicação encontraram o foco, pois com o bom desejo pela paz, esquecem que as FARC estão em guerra e que não renunciaram a ela, que continuam fazendo-a e justificando-a.
Esses são os verdadeiros objetivos das FARC e seus cúmplices dentro e fora do país. Nada mais ingênuo do que acreditar que é ingênuo ou correto um contraditor tão audaz, tão cínico e tão experiente em enganos como demonstraram ser os comunistas armados e desarmados na Colômbia.
Escrito por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido
26 Outubro 2012
Tradução: Graça Salgueiro
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