Eles querem mulheres lindas e gostosas. Elas querem homens ricos, de preferência do mercado financeiro.
Eles foram feitos para elas. Elas foram feitas para eles.
Ambos se consomem para garantir a vida de lazeres e prazeres que os seduziu desde a juventude.
Elas ganham roupas, joias, jantares, viagens, carros e apartamentos.
Eles ganham sexo e prestígio entre seus semelhantes.
Elas fingem que os amam e que eles bastam. Eles pensam que as amam e acreditam.
Nenhuma novidade. Apenas o bom e velho casamento da beleza com o dinheiro.
Cada um garantindo o passaporte para seus objetos preferidos.
E, no entanto, "cada um" é muita gente. Muito mais a cada dia.
Quanto mais o consumo e a tecnologia avançam, maior o número de deslumbrados.
Quanto mais o ambiente cultural provincianiza a mente humana, mais se estende a caipirice.
Elas já não são apenas as mulheres sem perspectiva ou iniciativa, encaminhadas até pelos pais aos bem-sucedidos.
São também as bem formadas, educadas, com emprego e capacidade de escolha.
Eles já não são apenas os idiotas endinheirados.
São também os razoavelmente inteligentes, com vivência, experiência e discernimento.
Quanto mais ambos se deixam engolfar nesse processo, menos se dão conta de estarem nele.
Cresce o fingimento. Cresce o cinismo. Vazam os desejos reprimidos.
E hoje, para o bem ou para o mal, não faltam canais por onde eles possam vazar...
O que falta em um relacionamento se encontra, mais cedo ou mais tarde, na rua, na academia, no trabalho, na internet - e se mantém via whatsapp, messenger, facebook.
O conteúdo. O senso de humor. A afinidade das almas.
A possibilidade de algo ser mais profundo, divertido e elevado do que o jogo de aparências em que se meteram, inertes.
Aparecem, então, as dúvidas. As angústias de quem, sendo ao menos capaz de conceber um amor maior, pondera se vale a pena abrir mão da conveniência em favor dele.
E, como um rolo compressor contra a inquietude, cada vez mais a conveniência vence. Seja na fidelidade à superficialidade, seja na superficialidade da traição.
Em tempos de permissividade e abundância, o luxo esmaga o espírito - e até os bons corações se corrompem.
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11 de novembro de 2012
Felipe Moura Brasil
Felipe Moura Brasil
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