Sabem que não tinha me ocorrido que Rosemary pudesse ter feito algo para favorecer o Dirceu ou o Lula em função do cargo que desempenhavam? Confesso a malícia: achei que ela, a Rosa, é quem poderia, por favorecer os dois galãs em seus momentos de 5 à 7, ter sido muito favorecida por eles.
(Como é gíria antiga e ainda mais francesa, língua que até o Itamaraty desprezou, traduzo. Faire le 5 à 7, em bom francês, queria dizer, em princípio, o uso das duas horinhas entre 5 e 7 da tarde para encontros amorosos. Depois de um tempo, o horário passou a ser irrelevante... ).
Eu imaginava que eles, todos dois, cada um em seu período regulamentar – Dirceu por 12 anos e Lula de fevereiro de 2003 a 23 de novembro de 2012- pudessem não ter resistido aos encantos da morena Rosa, o que não os teria levado a fazer nada diferente do que fazem milhares de homens em todo o mundo. Ou, em tempos over the rainbow, também as mulheres.
Mas fui surpreendida pelo tom da declaração da moça: “Enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam”.
Não parece meio irreal que ela detivesse, tanto no PT quanto na Presidência da República, o poder de favorecer ou não o Dirceu e o Lula? Que ela tivesse essa força toda? Quem tem o poder de favorecer, tem o de prejudicar... Será possível?
Rosemary é moça simples, o que não quer dizer simplória, fã de duplas caipiras, cliente assídua da 25 de março e muito amiga de seus bons amigos, os irmãos Vieira. Seu sonho maior é ser madame e chique e assim como para o Dâmaso Salcede o chique a valer é o que importava, assim para ela os fins, ser madame, justificariam os meios. Mas isso não seria ilegal, imoral, irregular? Depende. Mas ela afirma que não.
De qualquer forma, segundo sua declaração, quem detinha o poder era ela. E que poder!
Só encontro uma explicação. Seu nome talvez explique esse enigma e também a ligação tão longa e forte entre ela e os grados petistas.
Rosemary, ou rosmarinho em português, é erva aromática, com muitas serventias. Cliquem para ler. Mas desde priscas eras está muito ligada à lembrança. Sir Thomas More já a associava à recordação e portanto, à amizade.
Shakespeare popularizou essa ideia quando faz Ofélia em 'Hamlet' e Frei Lourenço em 'Romeu e Julieta', lembrarem-se de honrar os mortos com rosemary para que não fossem esquecidos.
Não é de estranhar, pois, que quem se acercou de Rosemary dela tenha ficado dependente por tantos anos...
30 de novembro de 2012
Maria Helena RR de Sousa
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