No começo deste ano, o ministro do STF Marco Aurélio Mello irritou alguns próceres do Legislativo ao apontar a "inapetência" do Congresso, que viveria constantemente um "faz de conta". Suspeito que ele tenha sido generoso.
Há muita esperteza nos subterrâneos do belo prédio de Niemeyer. Veja Henrique Eduardo Alves (RN), líder quase eterno do PMDB na Câmara e favoritíssimo a ser o próximo presidente da Casa, a partir de fevereiro.
Como a Folha mostrou ontem, ele direcionou verbas por meio de emendas que foram cair na conta da empresa de um assessor. Tudo, naturalmente, dentro da lei e respeitando princípios de impessoalidade, como correram a explicar.
"Henriquinho", deputado há mais tempo na Casa, classificado como político pragmático e "do ramo", é reincidente. Em 2007, por exemplo, este jornal descobriu que ele usava verbas do gabinete para comprar textos laudatórios a si mesmo em um periódico de sua propriedade. E achava o máximo, sem vergonha alguma do conflito ético (se não legal) evidente.
São casos pequenos perto, digamos, de um mensalão, mas que demonstram a qualidade igualmente nanica de nossos congressistas. O personalismo vazio, marca de qualquer República de segunda, impera.
O atual presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), gastou quase dez minutos de horário nobre no fim do ano com uma exaltação à sua gestão, marcada tão somente por mediocridade institucional e pela homologação da agenda do Executivo.
Símbolo maior do "homo politicus" brasileiro, José Sarney (PMDB-AP) acaba de ter suas quatro passagens pela chefia do Senado exaltadas em uma exposição como marcos da modernidade. Claro, com tudo pago pela Casa, que viu "custo zero" por ter usado recursos próprios.
São esses os tais "profissionais" adulados nas rodas de Brasília - ou, para ficar no registro de Marco Aurélio, essa Lilliput do cerrado.
14 de janeiro de 2013
IGOR GIELOW - Folha de São paulo
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