Comentei há dois dias uma entrevista do secretário municipal da Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Netinho de Paula (PCdoB), na qual saiu-se com esta pérola:
- A gente precisa convencer a sociedade paulistana de que ela é racista, ela precisa entender que ela é racista.
A partir do momento que ela se assumir como racista, ela pode trabalhar isso, porque a gente perde economicamente, a gente exclui uma sociedade que pode ajudar muito o país.
Ou seja, se paulistano não é racista e elege um prefeito negro, é preciso convencê-lo de que é racista apesar de ter eleito um prefeito negro.
Raciocínio idêntico empunhou o ator Miguel Falabella ao explicar ao UOL por que, apesar de haver um casal de mulheres entre os protagonistas, na série de humor que a Globo exibe a partir do próximo dia 24, o público não corre risco algum de ver um beijo entre elas.
- Não vai ter beijo, a relação delas é muito light. A gente ainda está com uma pena na cabeça e um tacape na mão. É um milagre que a gente tenha computador neste país. Aeroporto nós não temos, o Galeão é uma favela, uma vergonha. Então você acha que vai ter beijo em um país onde as pessoas não sabem ler? Ninguém lê nada, ninguém sabe de nada - disse ao repórter Renato Damião, do UOL.
Ou seja, se não tem beijo homossexual na TV a culpa é do público. Deste público inculto nada se pode esperar. Temos de educar a população, alfabetizar os analfabetos, introduzi-los no bom hábito da leitura – Dostoievski e Shakespeare, quem sabe? – para que todos peçam um beijo homossexual na telinha. Se não há público para beijos homossexuais, urge educar o respeitável público para o homossexualismo, para que exijam da televisão beijos homossexuais.
Não dou fé a teorias conspiratórias. Mas hoje vejo com mais atenção o alerta de um velho amigo uruguaio, o Anibal Abadie Aicardi, ex-professor de história na Universidade Federal de Santa Catarina, quando falava de uma Quinta Internacional, la Internacional del Culo. Há, pelo jeito, uma intenção declarada de certos setores da burritsia nacional de homossexualizar o país.
Nada tenho contra homossexualismo. Sempre defendi a idéia de que, em matéria de sexo, só não vale dedo no olho. Só lamento que não se façam mais homossexuais como antigamente. Tanto que viraram gays, homoafetivos, tudo menos homossexuais. Convivi com eles desde o ginásio à universidade e mais tarde na vida profissional. Ostentavam uma certa aura, não digo de heróis, mas de rebeldes avessos à sociedade bem comportada, à ética vigente, ao casamento e à religião.
Entre os homossexuais com os quais convivi – e alguns eram companheiros de bar – nunca vi casais nem pessoas com pendores religiosos. Todos tinham consciência de que as religiões vigentes condenavam seus comportamentos, e das igrejas só queriam distância. Eram geralmente pessoas cultas e sensíveis. Quando penso nos homossexuais de minha juventude, sempre me vem à mente o “non serviam” de Lucifer, a primeira afirmação de liberdade ante a arrogância do Altíssimo.
Eram também avessos ao convívio familiar e trocavam de parceiros como quem troca de roupa. Não havia namorinhos na época, nem mãozinhas dadas. Mas uma sexualidade intensa e diversificada. Dispensavam aquelas longas conversas que tínhamos de suportar, na época, para levar uma menina à cama. Bastava um olhar trocado na rua. O tempo entre o olhar e os fatos era igual ao necessário para encontrar o quarto mais próximo. Não enganavam parceiro algum com promessas de amor duradouro, muito menos de casamento, aliás nem se cogitava disto na época.
Tampouco pretendiam casar na Igreja. O cristianismo, pelo menos enquanto não jogar no lixo o Velho Testamento – que considera o homossexualismo abominação e o condena com a morte – não pode aceitar homossexuais. Por uma questão de coerência, tem de condenar a prática. Pelo menos entre homens, já que no Livro nada obsta que mulher deite com mulher. Há homossexuais hoje que querem casar de véu e grinalda, com a benção de um sacerdote. Por que querem estes senhores participar de cerimônias religiosas de uma religião que os condena como abominação?
Tampouco eram proselitistas. Um homossexual podia muito bem sentir-se atraído por um hetero, poderia até assediá-lo, mas jamais pretenderia que aderisse ao clube. Hoje, ser homossexual está tomando ares de religião, em que apóstolos querem converter os gentios.
Se a sociedade paulistana não é racista, ela precisa tornar-se racista. Se o público televisivo não é homossexual, ele precisa tornar-se homossexual, para que a televisão produza filmes homossexuais. Se o mercado não existe, a gente cria. Nem o PT almejou tanto.
Os franceses estão agindo com mais bom senso. Em resposta à vontade governamental de impor uma lei regulamentando o casamento homossexual, 340 mil (segundo a polícia ) a 800 mil manifestantes se reuniram ontem para dizer não ao projeto. Balões rosas, brancos e azuis estavam acompanhados de numerosos slogans como "Un père, une mère, c'est élémentaire", "Les papas, les mamans, dans la rue on descend, le mariage on défend", "tous nés d'un homme et d'une femme" ou ainda "On veut du sexe, pas du genre".
"Este Parlamento decidiu mudar o sentido do casamento. É uma grande violência para o povo mudar o sentido de uma palavra", disse Monsenhor Phillipe Barbarin, arcebispo de Lyon. Aqui no Brasil, ao arrepio da vontade popular, o STF mudou o sentido da palavra casamento e rasgou a Constituição ao institucionalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Se a Suprema Corte do país autoriza as uniões homossexuais, por que beijos homos ou lésbicos seriam proibidos na televisão?
A Primeira, a Segunda, a Terceira e a Quarta Internacional morreram no século passado. A Quinta avança célere.
14 de janeiro de 2013
janer cristaldo
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