Em meio a notícias sobre uma possível crise no setor energético, uma voz técnica e independente fez semana passada um alerta ao mesmo tempo elucidativo e assustador:
a reserva de energia do país está superestimada.
O autor da advertência não é um aventureiro ou um parlamentar da oposição ao governo, mas Mário Veiga, uma das maiores autoridades do setor elétrico nacional, especialista que goza, inclusive, da confiança da presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista reveladora ao Valor, Veiga afirmou que, ao contrário do que afirmam as autoridades, há, sim, risco de o governo decretar racionamento de energia neste ano. Ele estima esse risco em 9%, diz que só se vai saber ao certo em maio, mas avisa que seu cálculo pode estar subestimado. A situação é mais séria do que parece.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal criada pelo governo Lula para fazer o planejamento estratégico do setor, calculou que, em 2012, havia folga de 2.500 MW médios na oferta de energia no Brasil. Trata-se de um volume considerável, equivalente a mais da metade da energia a ser gerada pela usina de Belo Monte, em construção no rio Xingu.
Mário Veiga acredita que essa folga não existe. Ele e sua equipe usaram a metodologia do governo e concluíram que, no fim de novembro, os reservatórios das hidrelétricas estavam, em média, com 55% de armazenamento. No entanto, ao observar depois a operação real dos mesmos, eles constataram que os reservatórios alcançaram nível médio de apenas 33%.
Veiga está analisando as possíveis razões para esse descasamento entre modelo e realidade. Já chegou a algumas conclusões. Uma delas é que as hidrelétricas estão operando com elevado nível de ineficiência (11%). Usinas estão operando com equipamentos descalibrados e os reservatórios sofrem as consequências do assoreamento dos rios.
Em entrevista reveladora ao Valor, Veiga afirmou que, ao contrário do que afirmam as autoridades, há, sim, risco de o governo decretar racionamento de energia neste ano. Ele estima esse risco em 9%, diz que só se vai saber ao certo em maio, mas avisa que seu cálculo pode estar subestimado. A situação é mais séria do que parece.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal criada pelo governo Lula para fazer o planejamento estratégico do setor, calculou que, em 2012, havia folga de 2.500 MW médios na oferta de energia no Brasil. Trata-se de um volume considerável, equivalente a mais da metade da energia a ser gerada pela usina de Belo Monte, em construção no rio Xingu.
Mário Veiga acredita que essa folga não existe. Ele e sua equipe usaram a metodologia do governo e concluíram que, no fim de novembro, os reservatórios das hidrelétricas estavam, em média, com 55% de armazenamento. No entanto, ao observar depois a operação real dos mesmos, eles constataram que os reservatórios alcançaram nível médio de apenas 33%.
Veiga está analisando as possíveis razões para esse descasamento entre modelo e realidade. Já chegou a algumas conclusões. Uma delas é que as hidrelétricas estão operando com elevado nível de ineficiência (11%). Usinas estão operando com equipamentos descalibrados e os reservatórios sofrem as consequências do assoreamento dos rios.
O especialista aponta um problema institucional para lidar com essas questões:
o Operador Nacional do Sistema (ONS) não tem autoridade para fiscalizar as usinas e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não possui técnicos que entendam tanto do sistema quanto os do ONS.
Uma outra deficiência é o gargalo existente hoje no setor de transmissão - nos últimos anos, o país aumentou a capacidade instalada de geração, mas os projetos de transmissão estão atrasados graças a dificuldades com o licenciamento ambiental.
Há outras explicações para a perda de eficiência, como o fato de a usina de Itaipu, a maior do país, enviar menos energia para o sistema durante períodos de chuva no Paraná, alegadamente por questões de segurança, e a queda da vazão de água no Nordeste, provocada por um possível uso excessivo do rio São Francisco em projetos de irrigação.
Uma outra deficiência é o gargalo existente hoje no setor de transmissão - nos últimos anos, o país aumentou a capacidade instalada de geração, mas os projetos de transmissão estão atrasados graças a dificuldades com o licenciamento ambiental.
Há outras explicações para a perda de eficiência, como o fato de a usina de Itaipu, a maior do país, enviar menos energia para o sistema durante períodos de chuva no Paraná, alegadamente por questões de segurança, e a queda da vazão de água no Nordeste, provocada por um possível uso excessivo do rio São Francisco em projetos de irrigação.
Um dado impressiona.
O ano de 2012 começou com o maior nível de armazenamento de água dos últimos 12 anos. Ocorre que, apesar de ter chovido o equivalente a 87% da média histórica, os reservatórios chegaram ao fim do ano com o pior nível de armazenamento desde o período anterior ao racionamento de 2001.
Ninguém sabe explicar ao certo por que os reservatórios esvaziaram tão rapidamente e isso, claro, preocupa. Se o fenômeno se repetir em 2013, a probabilidade de racionamento poderá ser ainda maior.
Valor Econômico
14 de janeiro de 2013
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