A Petrobrás deve ter
registrado, em 2012 - os dados finais ainda não foram coligidos -, a terceira
queda de produção de petróleo em 59 anos de operação. Também no ano passado, no
segundo trimestre, a empresa registrou prejuízo de R$ 1,35 bilhão, o primeiro
resultado negativo em 13 anos.
Financeira e
tecnicamente incapaz de realizar todos os investimentos que programou,
sobretudo por pressão política do governo Lula, a empresa negligenciou
aplicações em áreas essenciais para a geração de recursos necessários à
sustentação desses programas, especialmente a de produção.
O declínio é a
consequência natural do modelo de gestão imposto pelo governo lulo-petista à
empresa.
A primeira queda de
produção da Petrobrás ocorreu em 1990, no primeiro ano do governo Collor, que
desorganizou a economia brasileira; a segunda, em 2004, no governo Lula, foi
provocada por problemas de manutenção e atraso na entrega de equipamentos. A do
ano passado é a síntese de um conjunto de problemas que a empresa acumulou
desde a chegada do PT ao poder, em 2003.
Desses problemas se
destacam o loteamento de cargos entre aliados políticos, o estabelecimento de
metas irreais de produção, o encarecimento brutal das obras de refinarias, o
atraso nos serviços de manutenção das plataformas e na entrega de equipamentos
para a exploração do pré-sal e, nos poços já em exploração, notável queda de
eficiência operacional.
As consequências são
graves. Como mostrou o jornal Valor (7/1), com base em dados da Agência Nacional
do Petróleo, a produção diária média de óleo e condensado em agosto de 2012 foi
de 2,006 milhões de barris, inferior à média de agosto de 2011, de 2,052 milhões
de barris.
Descontada a
produção dos novos poços que entraram em operação no período, de 500 mil
barris diários, constata-se que a produção dos poços antigos diminuiu 26,6%, ou
mais de um quarto, entre um ano e outro, bem acima da média histórica de
redução, de 7% a 10% ao ano.
Estima-se que, só
com a queda da produção de petróleo da Bacia de Campos, a Petrobrás tenha
perdido cerca de R$ 7 bilhões no ano passado. A rápida queda da produção dos
campos em exploração levou a empresa a anunciar, em meados do ano passado, um
programa de aumento de eficiência dessas unidades, que foi incluído em seu
Plano de Negócios 2012-2016.
Trata-se de uma
tentativa de correção dos efeitos nocivos da decisão, tomada na gestão anterior
da empresa, chefiada por José Sérgio Gabrielli, de - como queria o governo
Lula, por interesse político-eleitoral - concentrar investimentos na área do
pré-sal, o que reduziu as disponibilidades para aplicações em manutenção e
recuperação de equipamentos dos poços já em exploração e para o aumento da
capacidade de refino da empresa.
Por causa da queda
da produção, que talvez não seja revertida em 2013, e da estagnação por muitos
anos de sua capacidade de processar o petróleo, a Petrobrás passou a importar
diesel e gasolina em volumes crescentes, às vezes superiores à capacidade da
empresa de distribuir adequadamente os derivados, o que provocou a escassez
temporária em algumas regiões do País.
Pior ainda, do ponto
de vista financeiro, essa prática tem sido altamente danosa à empresa, por
causa da contenção dos preços dos combustíveis no mercado interno, que aumenta a
defasagem em relação aos preços internacionais. A Petrobrás compra a preços do
mercado internacional, mas vende mais barato do que paga, o que só pode
resultar em perdas.
Com a produção em
queda e a capacidade de refino estagnada, diante de um mercado em constante
crescimento, e ainda acumulando prejuízos por causa da política de preços de
combustíveis do governo, a Petrobrás reviu metas, congelou diversos programas
de investimentos, vem tentando vender ativos no exterior e tem sua imagem cada
vez mais corroída no mercado.
Na atual gestão,
chefiada por Graça Foster, parece ter abandonado a prática de vender ilusões.
No ano passado, o primeiro à frente da diretoria da empresa, Graça Foster diz
ter feito a "arrumação da casa". 2013 deverá ser o ano de "acomodação". Se for,
pelo menos a Petrobrás não ficará pior.
O Estado de S. Paulo
08 d
e janeiro de 2013
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