"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

OS "CRIMES CONTRA AS GERAÇÕES FUTURAS"

    
          Artigos - Ambientalismo 
timeeconaziÉ preciso ter muito cuidado com os intelectuais em geral, mas com os de esquerda em particular.

É sabido, por este exemplo, que a esquerda (intelectual) é contra a pena de morte em relação aos crimes de sangue, incluindo os assassinos em série; mas, por outro lado, é a favor da pena de morte para as pessoas que negam o aquecimento global.

E o mais interessante é o conceito escatológico de “crimes contra as gerações futuras” que justifica a pena de morte para os negacionistas do apocalipse “aquecimentista”.

Para a esquerda, a noção de “probabilidade” é irrelevante. A esquerda tem certezas. Trata-se de uma fé imanente, porque só a fé tem certezas. Por exemplo, neste texto de Galopim de Carvalho:

“Posteriormente a esta crise de frio, a temperatura do planeta subiu para os níveis atuais e vai continuar a subir, agora potenciada pelas emissões antropogênicas do dióxido de carbono e dos outros gases com efeito de estufa.”

Este “vai continuar a subir”, do Galopim, é uma certeza, e não uma probabilidade. É uma fé. Ou melhor: é uma fézada. Se fosse uma probabilidade, o “vai continuar a subir” seria objeto de discussão científica; mas tratando-se de uma certeza, transforma-se em dogma que pode justificar, para alguns, a pena de morte para os hereges. Não se trata de ciência: em vez disso, é uma espécie de religião.

O mais extraordinário é que o Galopim constrói, em primeiro lugar, um discurso acerca das variações térmicas do planeta ao longo de centenas de milhares de anos — ou seja, ele parte de uma certeza acerca do passado —, reconhecendo que as temperaturas globais estão sujeitas a mudanças que não dependem do homem.
Mas nem reconhecendo que as mudanças climáticas foram, no passado, imprevisíveis e independentes do homem, ele não deixa de ter a certeza de que a temperatura “vai continuar a subir” por culpa do homem. Trata-se de um novo tipo de “pecado original” que fundamenta uma nova religião imanente e escatológica.

Em ciência, mesmo que os dados do passado — as estatísticas — estejam corretos, em princípio nada nos garante que exista uma probabilidade de 100% — a tal “certeza” — de que os mesmos fenômenos verificados pela estatística ocorrerão no futuro.
Embora o universo tenha sido concebido com grande estabilidade física, a ponto de ser possível a construção de leis (da natureza) por parte da ciência, essa estabilidade física não é total nem absoluta, e por isso nada nos garante que todos os dados da natureza já tenham sido descobertos pelo Homem, por um lado, e por outro lado, nada nos garante a 100% que as próprias leis da ciência não tenham que ser alteradas no futuro.

Segundo cálculos efetuados por eminentes matemáticos, a probabilidade de o planeta Terra deixar de orbitar o Sol e passar a orbitar uma outra estrela do universo não é de zero.
Ou seja, não existe a certeza de que o planeta Terra não possa ser sujeito a um salto quântico e passe para a órbita da estrela Sírius, por exemplo.

E no entanto, Galopim tem a certeza de que “a temperatura do planeta vai continuar a subir por culpa do Homem”, enquanto outros intelectuais concebem os “crimes contra as gerações futuras” que justificam a pena de morte.

03 de janeiro de 2013

Orlando Braga

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