Mensaleiro condenado pelo STF se recusou a comentar o julgamento e assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados até ser obrigado a cumprir sua pena
Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
José Genoino: desfaçatez e descaso com a opinião pública (André Borges/Folhapress)
Ele assumiu uma vaga aberta na bancada petista com a renúncia de Carlinhos Almeida, que deixou a Câmara para assumir a Prefeitura de São José dos Campos (SP). Após a cerimônia em que jurou proteger a Constituição e respeitar as leis, o novo deputado concedeu uma entrevista sem demonstrar constrangimento com a situação.
Genoino citou o único lugar onde pode ser considerado inocente: a própria "consciência". Ele alegou que a Constituição permite sua posse porque ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado. No caso do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não publicou o acórdão que tornará efetivo o cumprimento das penas.
O petista disse estar apto a exercer todas as funções de um parlamentar - o que não é verdade já que, por exemplo, ele estaria impedido de deixar o país em viagens oficiais porque a Polícia Federal apreendeu seu passaporte para evitar uma fuga.
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O novo deputado se recusou a fazer comentários sobre o julgamento do mensalão, e não se importou em adotar uma postura que pode ser interpretada como uma confissão de culpa: "Sobre o processo, quem fala é o meu advogado".
O mensaleiro não demonstrou preocupação com a opinião pública diante de sua posse: "Por onde ando, eu tenho recebido manifestações de solidariedade". Ele também não quis dizer o que faria diferente se pudesse voltar ao início do governo Lula: "Eu não vou fazer uma avaliação dessa experiência rica que mudou o Brasil".
Apesar de não saber quanto tempo passará na Câmara até seguir para para uma colônia penal, onde iniciará o cumprimento da sentença de 6 anos e 11 anos de reclusão, Genoino disse ser movido por sonhos. "Quem faz política com sonho, paixão e convicção, como eu faço, deve fazer a política em cada dia".
O petista não quis nem mesmo comentar o mea culpa genérico do presidente do PT, Rui Falcão, que nesta semana admitiu os "erros" cometidos pelo partido no passado: "Eu tenho um respeito muito grande pelo presidente do meu partido e não vou comentar".
Dois anos sem mandato e uma condenação no STF não geraram qualquer mudança de comportamento no homem condenado por ajudar a montar o maior esquema de corrupção da história.
03 de janeiro de 2013
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