A presidente Dilma Rousseff bem que torcia o nariz, mas teve de se render à realidade: muito dificilmente, os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN) não serão eleitos no início de fevereiro para as presidências do Senado e da Câmara.
O PMDB terá a Vice-Presidência da República, a faca e o queijo do Congresso na mão e, tanto quanto Fernando Henrique e Lula, Dilma sabe muito bem o que isso significa. O partido é um problemão, mas é sempre melhor com ele do que sem ele.
Se o partido do (ou da) presidente da República falha -é curioso como vive falhando- quem entra em cena é o PMDB. Mas isso tem custo e embute uma ameaça. Se tem tanto poder para ajudar o governo, o inverso também é verdadeiro: o poder é o mesmo para atrapalhar.
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O mandato de presidente das duas Casas vale por dois anos, justamente o ano anterior e o próprio ano da sucessão presidencial, 2014.
Quando menino, Renan foi um comunista que vendia sandálias hippies em feiras. Acabou destronado da presidência do Senado em 2007, depois de se meter numa trapalhada com uma namorada ambiciosa e ver seus bens, contas e sociedades devassados pela opinião pública. Mas ele é um parlamentar muito experiente e está convencido de que esta é a chance de reescrever sua biografia. É pegar ou largar.
Henrique, que enfrenta o adversário Júlio Delgado (PSB-MG), é de família política, muito rica, e já tem um troféu no Congresso: é o mais longevo deputado federal. Está no 11º mandato, tem 40 anos de praia. Conhece cada gabinete, corredor, funcionário. E cada norma regimental.
Há décadas o governo se esforça para esvaziar o Congresso, agora com medidas provisórias até para o Orçamento da União. Mas Dilma sabe que é melhor não confrontar o outro Poder, muito menos o PMDB, o vice Temer, Renan e Henrique. Seria um péssimo negócio.
03 de janeiro de 2013
Eliane Cantanhêde, Folha de São Paulo
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