"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DEU NO RELATÓRIO RESERVADO: PETROBRAS EMPACOTA SUAS REFINARIAS EM BUSCA DE UM SÓCIO

 

Perfeito, perfeito mesmo, seria se a Petrobras pudesse empurrar lá para frente parte expressiva dos investimentos previstos para a ampliação e modernização do seu parque de refino, deslocando os recursos para a prioritária atividade de exploração e produção.

Mas, diante do grande fosso que costuma separar o ideal do real, Maria das Graças Foster acredita ter encontrado uma solução meia-sola, capaz, ao menos, de atenuar a mordida no caixa da companhia.
A operação passa pelo spinoff da área de refino, com o agrupamento das 11 unidades da estatal em uma nova empresa.

A medida permitiria a busca de um parceiro exclusivamente para esta unidade de negócio. Graça não está reinventando a roda. Apenas pretende replicar, em escala bem maior, uma estratégia já usada pela Petrobras no passado.
Durante dez anos, a Repsol foi sócia da Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, com uma participação de 30%. A experiência é de boa memória para a estatal. Na ocasião, a parceria com os espanhóis permitiu acelerar a expansão da refinaria gaúcha.

Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar. A Petrobras já vem mantendo conversas preliminares com grupos interessados no negócio. Dois fortes candidatos são a mexicana Pemex e a norueguesa Statoil. A intenção da estatal seria vender de 20% a 30% da nova companhia. Para estas empresas, a operação representaria um bilhete de entrada no maior conjunto de refinarias da América Latina e, por extensão, a garantia de processamento do petróleo que eventualmente será produzido em seus campos no Brasil.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o projeto tem arestas difíceis de serem polidas. Uma delas é convencer um grande grupo privado a ser minoritário de uma empresa sobre a qual não terá qualquer poder de ingerência. Isso para não falar que a Petrobras tem hábitos peculiares, tais como trançar sua lucratividade com os interesses políticos do governo.

Ao mesmo tempo, há fortes dúvidas na estatal quanto à inclusão ou não nesta holding das quatro refinarias em construção. Por um lado, há o temor de que estes empreendimentos afugentem os investidores; por outro, o entendimento de que todo este malabarismo só terá impacto para valer sobre o caixa da empresa se englobar também as futuras unidades.

O plano de investimentos da Petrobras prevê o desembolso de quase US$ 72 bilhões na área de refino até 2016. Deste total, cerca de US$ 56 bilhões, ou algo em torno de 77%, se referem à instalação das unidades Abreu Lima, Comperj e Premium I e II. Difícil acreditar que mais esse cavalo vencedor não tenha como garantia de viabilização um desses megafinanciamentos do BNDES. Vade retro, cruz credo!

(artigo do Relatório Reservado, enviado por Mário Assis)

12 de fevereiro de 2013
 

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