Quem investiu R$ 10 mil há 1 ano no papel mais negociado tem agora R$ 7.900. Cálculo já considera dividendos; no longo prazo, porém, desde 2000, aplicação rendeu mais de 500%
O mau desempenho recente das ações da Petrobras tem preocupado investidores.
Cálculos feitos para a Folha pela empresa de informações financeiras Comdinheiro mostram que quem aplicou R$ 10 mil há 12 meses no papel mais negociado da estatal (o preferencial, sem direito a voto) tinha, em 19 de março deste ano, R$ 7.912,18, já considerando os proventos (dividendos, juros sobre capital próprio e rendimentos).
Quem investiu o valor na ação ordinária (menos negociada, com direito a voto) perdeu mais dinheiro: o saldo diminuiu para R$ 7.021,70.
As ações caíram no período pressionadas pela desconfiança dos investidores em relação à ingerência do governo na empresa, que impediu, por exemplo, reajustes mais elevados da gasolina por causa da inflação.
Além disso, a companhia reduziu os dividendos (fatia do lucro distribuída aos acionistas) no ano passado.
Na avaliação de especialistas, para quem tem papéis da companhia ou pensa em comprá-los com uma visão de retorno no curto prazo, a perspectiva não é boa.
"O fator político é preponderante e, se isso continuar no lugar de maximização de valor, o resultado não tem por que ser diferente", diz Rafael Paschoarelli, professor da USP e um dos responsáveis pelo levantamento.
Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, recomenda a migração para outros ativos.
"Por exemplo, ações de setores relacionados ao consumo interno, como o de bebidas e o financeiro", afirma.
"A não ser que o investidor já tenha tido um prejuízo grande com Petrobras e possa manter aplicação por um prazo longo na expectativa de recuperar valor."
Os cálculos ao lado mostram que os investimentos feitos na estatal há mais tempo geraram ganhos. Quem aplicou R$ 10 mil no papel preferencial em 2000 tinha saldo de R$ 61.812,30 em 19 de março de 2013, também com proventos. Na ação ordinária, o valor era de R$ 63.759,12.
PERSPECTIVAS
E, embora rentabilidade passada não garanta ganhos futuros, analistas afirmam que, no longo prazo, a perspectiva para a Petrobras segue positiva, considerando que, em 2017, a exploração do pré-sal estará mais forte.
"O que ela tem de bom é o pré-sal, e, de ruim, a ingerência do governo", diz Pedro Galdi, da SLW Corretora.
Como exemplo dessa ingerência, os especialistas também destacam os casos da refinaria Abreu e Lima (PE), que teve o orçamento aumentado.
"Se o investidor pode suportar esses fatores externos e quer ter uma empresa do setor de petróleo na sua carteira, os papéis da companhia estão baratos", afirma Galdi.
Já na avaliação da XP Investimentos, não há muita diferença de cenário para o investimento de longo ou curto prazos. A corretora considera que há opções "mais claras" na Bolsa, como nos setores de educação e portuário.
25 de março de 2013
MARIA PAULA AUTRAN - FOLHA DE SÃO PAULO
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