"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 10 de março de 2013

DISPUTA AVANÇA PARA POLARIZAÇÃO ENTRE SCHERER E SCOLA

 

Imprensa italiana vê arcebispo de São Paulo e cardeal de Milão como os nomes mais fortes das reuniões pré-conclave

No dia em que a data do conclave foi divulgada, a lista de cardeais que mais circulam no meio eclesiástico e na imprensa internacional foi reduzida. Ontem, os principais jornais da Itália e alguns dos vaticanistas mais respeitados indicaram que os favoritos para suceder o papa Bento XVI são dois: o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Mas o favoritismo tem um preço: em caso de impasse, uma terceira via poderá ser apresentada na janela do Vaticano.

O favoritismo de Scola e de Scherer ficou claro nas páginas dos diários La Repubblica, La Stampa e Il Messaggero, além da revista Panorama, quatro dos mais respeitados veículos de imprensa da Itália. Todos convergiram na sexta-feira quanto aos cardeais que teriam saído fortalecidos das Congregações-Gerais, as reuniões pré-conclave do Colégio Cardinalício.


"Partida entre dois no conclave", escreveu o La Repubblica, que mencionou o brasileiro como "homem forte do IOR", o Banco do Vaticano. Segundo o diário, Scola seria sustentado por cardeais reformistas, enquanto Scherer seria o "representante da Cúria", avesso a reformas na Igreja.

Na mesma linha, o jornal La Stampa lembrou que grande parte dos cardeais teria optado pela escolha de um papa não europeu. O diário afirma que candidatos "emergentes" poderiam reunir até 50 votos desde o primeiro turno de votações, de um total de 115. Para ser escolhido, um cardeal precisa de 77 votos. "Um dos candidatos mais populares é o brasileiro Odilo Pedro Scherer", afirma o jornal.

Para Lucetta Scaraffia, historiadora e vaticanista da Universidade La Sapienza, de Roma, o conclave que começa nesta terça-feira é aquele com maiores chances de que o eleito venha de fora da Europa. "Não sei se vencerá, porque todo conclave envolve muitas outras questões, mas o cardeal Scherer é um dos mais fortes candidatos", disse.

"Scherer é um americano, o que atende a pressão por um papa de fora da Europa, mas também é um sul-americano, o que o faria superar os problemas políticos que opõem muitos cardeais europeus aos cardeais dos Estados Unidos", explica. "Ele também teria o apelo forte dos países emergentes e do Terceiro Mundo. E, além disso, é alguém que conhece a Cúria."

John Allen Jr., vaticanista da National Catholic Reporter e da rede americana de TV CNN, foi na mesma linha. "Eu diria que Scherer é a melhor aposta", afirmou. "Ele tem boa reputação e é admirado em Roma."

A bipolarização, entretanto, pode não ser favorável nem a Scola, nem a Scherer. Isso porque, caso nenhum dos cardeais consiga obter dois terços dos 115 votos e um impasse seja criado, uma terceira opção tende a assumir.

Nesse caso, entre os mais citados estão os cardeais Marc Ouellet, do Canadá, Timothy Dolan e Sean O'Malley, dos EUA, Peter Erdo, da Hungria, e Malcolm Ranjith, do Sri Lanka, segundo Marco Tosatti, vaticanista do blog Vatican Insider. "Será um conclave muito aberto. Vamos ter uma ideia da dificuldade da escolha de acordo com o tempo que ele tomará. Há cardeais não muito conhecidos da mídia que poderiam nos surpreender."

10 de março de 2013
Andrei Netto, O Estado de S.Paulo

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