Ato com pelo menos 600 pessoas pede a renúncia de deputado da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
RIO - Um ato que reuniu na noite desta segunda-feira, no Rio, artistas como Caetano Veloso e Wagner Moura, além de parlamentares e lideranças religiosas de vários segmentos pediu a saída do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O evento, realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foi organizado pelo deputado federal Jean Wyllys e pelo deputado estadual Marcelo Freixo, ambos do PSOL.
No local, foram recolhidas assinaturas para um abaixo-assinado contra Feliciano, que será entregue nesta terça-feira ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Alves, inclusive, já disse que a situação de Feliciano ficou “insustentável” e que o caso seria resolvido amanhã. Em seu discurso, Caetano Veloso afirmou que o momento é de união:
- Não é admissível que essa Comissão de Direitos Humanos e de Minoria esteja sendo dirigida e presidida por um pastor que expressou nitidamente a intolerância, tanto da ordem sexual como racial. É fato conhecido e notório.
Esse é um momento que nós deveríamos estar reunidos para tentar defender o que significa ter um Congresso. Porque o maior perigo é levar o povo brasileiro a desprezar esse nível do exercício do Poder Legislativo.
Isso pode criar uma má impressão do que é democracia. Estamos reunidos aqui hoje para dizer que no Congresso não se pode fazer coisas absurdas, significa também dizer que nós não queremos viver sem o Congresso - afirmou o músico e compositor, muito aplaudido pela plateia de pelo menos 600 pessoas, que lotaram o auditório da ABI.
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O ato contou ainda com a participação de entidades como a ONG Justiça Global e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além dos deputados Chico Alencar (PSOL) e Alessandro Molon (PT). As atrizes Leandra Leal e Dira Paes, a cantora Preta Gil, índios da Aldeia Maracanã e ativistas do grupo Femen também foram à ABI. Ativistas do movimento negro, representantes da Igreja Católica, da Igreja Presbiteriana, da Ubanda e judeus também estiveram no local.
Jean Wyllys ressaltou que a iniciativa do protesto não é apenas lutar contra a permanência de Marco Feliciano à frente da comissão, mas também, segundo o parlamentar, lutar contra o "projeto fundamentalista" que Feliciano representa. Ele disse ainda que os possíveis pré-candidatos à Presidência da República em 2014, Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (REDE) e Eduardo Campos (PSB) deveriam participar deste debate.
- Toda a sociedade está engajada. E o comportamento dessas quatro pessoas potenciais candidatos no ano que vem é ignorar esse movimento. Isso é inadmissível - declarou o deputado, lembrando de questões referentes aos direitos LGBT e à religião. Para ele, este tema foi ignorado na última eleição para a Presidência da República, em 2010.
Marcelo Freixo também ressaltou que o objetivo não é apenas retirar Feliciano do cargo. Ele disse que 11 dos 18 deputados da comissão pertencem ao grupo político de pastor:
- Hoje ou amanhã o Feliciano pode ser trocado e entrar um deputado que não diz tanta coisa que choque, mas pode representar a mesma política de anulação da comissão.
Chico Alencar ironizou a fala de Feliciano ao programa “Pânico na TV”. Ele havia dito que só sairia morto da comissão.
- Ouvi dizer que ele (Feliciano) disse que só sairia morto. Nós, defensores dos direitos humanos, queremos matá-lo politicamente.
Já o ator Wagner Moura criticou a postura de membros do PSC.
- Acho muito desonesto os parlamentares do PSC dizerem que a oposição ao nome do Feliciano à presidência é uma intolerância contra a figura dele. É, portanto, significativa a presença de vários líderes religiosos aqui, inclusive os pastores presbiterianos
26 de março de 2013
Cássio Bruno, O Globo
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Fala-se em nome da sociedade, quando na verdade a bandeira agitada é de uma minoria, estimulada pelo 'caroneiro das urnas' para expurgar Feliciano, seus 122 mil votos, uma eleição democrática e o direito de manifestar posições dissonantes do 'politicamente correto.
Uma minoria que se arvora em falar em nome de uma maioria. Goste-se ou não do que pensa o Deputado Feliciano, não se pode tirar dele o direito de expressar-se.
Estranho que não se discuta a presença de mensaleiros condenados participando de Comissões no Congresso. E diga-se de passagem, Comissão de Constituição e Justiça. Sobre isso, o véu do silêncio...
É o Brasil de cabeça para baixo...
m.americo
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