Os consumidores
já retomaram as velhas estratégias defensivas para minimizar o impacto da
inflação nos gastos com as compras de supermercado:
substituir marca
e produto, trocar de loja, ir atrás das ofertas e reduzir as quantidades
compradas. Essas táticas não são novidade para os brasileiros que, 20 anos
atrás, viveram a hiperinflação.
A costureira
aposentada, Eugênia Moreira, de 85 anos de idade, que na sexta-feira fazia
compras de supermercado com a neta Vanezza Madonna Morais, de 26 anos, sabe bem
o que é hiperinflação. “Naquele tempo, eu fazia estoque de óleo, açúcar, sal”,
lembrou a aposentada.
Hoje, a situação
não é para fazer estoque. Mas, diante da alta de preços, ela começou a reduzir
as compras.
Farinha de trigo,
que era um item obrigatório na lista de com-
pras, deixou de
ser. Tudo porque o preço do quilo da farinha já passa de R$ 3. Antes girava em
torno de R$ 2. “Gostava muito de fazer bolos para servir para as visitas que iam
em casa. Agora só dou um cafezinho”, disse Eugênia.
Com renda mensal
em tomo de R$5 mil, entre aluguéis e aposentadoria, ela disse que os gastos com
alimentos pesam muito no seu orçamento, especialmente agora que os preços desses
itens dispararam.
Troca.
Já a
administradora de empresas Cristina Serrentino, de 41 anos, casada e com um
filho, trocou de supermercado para reduzir os gastos.
“Moro em Perdizes
e tenho um Pão de Açúcar do lado da minha casa. Mas venho no Walmart da Pacaembu
para economizar”, contou.
Na opinião de
Cristina, tudo está mais caro. No fim do ano
passado, ela
desembolsava cerca de R$ 700 por mês com produtos. Hoje a compra não sai pór
menos de R$ 1 mil, Apesar de alta de preços ser generalizada, ela observou
elevações mais expressivas nos preços dos alimentos.
“O preço do
tomate está um absurdo: mais de R$ 9 o quilo. Antes não passava de R$ 4”,
reclamou á administradora.
As irmãs
Elisabeth Soares Pereira, cabeleireira, de 50 anos, e Elenice Soares Pereira, de
41 anos, empregada doméstica, concordam com Cristina, Além de trocarem o uso do
tomate in natura pelo enlatado no preparo de molhos, elas substituíram marcas
mais caras pelas mais baratas.
“Hoje estou
levando o molho Bom Preço, que custa R$ 1,10, no lugar do Pomarola, que sai por
R$ 1,80”, disse Elenice.
Elisabeth reduziu
o feijão nas refeições.
Antes cozinhava
feijão todo dia, agora só de vez em quando por causa do preço. Hoje o quilo de
feijão custa R$ 6. A cabeleireira reclamou que até agora não viu o impacto das
desonerações dos produtos da cesta básica nas despesas do supermercado,
especialmente nos preços dos alimentos que, na sua opinião, são o foco da
inflação.
O Estado de S. Paulo
01 de abril de 2013
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