Artigos - Governo do PT
Difícil imaginar o PT administrando a inevitável recessão, a explosão dos preços e a maxidesvalorização cambial. Mas é isso que terá que acontecer, sem choro e nem vela.
O noticiário está pródigo em informar os problemas econômicos do governo Dilma Rousseff. Pouco a pouco a maré montante da elevação dos preços está cobrando a conta. O populismo explícito do PT não permite que os problemas fundamentais da inflação, quais sejam, a frouxa política monetária e o excesso de gastos públicos, sejam combatidos. O governo optou por combater as consequências, ou seja, os índices de preços.
A cada momento novas medidas tópicas são anunciadas: redução de impostos, congelamento de preços básicos, como combustíveis e, mesmo, redução do preço da energia elétrica. Ainda houve o pedido aos prefeitos eleitos para não elevarem tarifas de transportes coletivos, no primeiro semestre.
Nada disso tem resolvido e a inflação claramente mudou de patamar. Alguns índices já superam, no acumulado, a taxa anual de 8%. O caminho dos dois dígitos está sendo trilhado rapidamente. A aceleração inflacionária é um fato.
A escolha pela administração tópica da inflação está provocando seríssimo desalinhamento dos preços relativos. A Petrobras está sangrando à morte e, com ela, está levando todo o setor sucro-alcooleiro, que é fundamental para a matriz energética e também para a geração de renda no campo. O mesmo parece acontecer com a precificação da energia elétrica, em face da divulgação dos gigantescos prejuízos da Eletrobrás. É claro que uma situação assim exige correção, que precisa vir o quanto antes. Evidente que o ajuste irá provocar súbita elevação da inflação, que exigirá, por sua vez, um ajuste cambial.
O dilema de Dilma Rousseff é saber quando enfrentar o problema. O calendário eleitoral está distante e os desequilíbrios não poderão esperar fechar as urnas. Resta saber como o eleitorado reagirá diante do ajuste nos preços relativos e no câmbio. E também diante da provável divulgação de taxas de inflação superiores a dois dígitos.
Esse cenário faz prever o acirramento das campanhas salariais. É bom lembrar que estão puxando a inflação os preços “livres”, especialmente os dos alimentos, que incidem diretamente sobre a população mais pobre, a grande massa eleitoral. Todas as medidas em prol da distribuição de renda estão sendo anuladas com a simples elevação da inflação e esse fato econômico terá óbvias e fortes consequências políticas.
A causa do drama é o erro de diagnóstico dos formuladores do PT. Essa gente chegou ao poder convencida de que tinha um caminho alternativo para administrar a economia, driblando a lei da escassez. Seus autores de referência são Marx e Keynes. Colocaram como prioridade o crescimento econômico, como se fosse possível, em um ambiente desequilibrado, manter o desenvolvimento. O PT escolheu conscientemente estimular o consumo, mediante elevação dos gastos públicos e do afrouxamento da política monetária. A maquiagem dos preços tornou imprescindível a valorização cambial, que está destruindo o que restou da indústria nacional. Os desequilíbrios ficaram grandes e insustentáveis.
O corolário é que a situação imporá ajustes, a um preço político incalculável. Difícil imaginar o PT administrando a inevitável recessão, a explosão dos preços e a maxidesvalorização cambial. Mas é isso que terá que acontecer, sem choro e nem vela. É o imperativo da lei da escassez se impondo, a despeito da vontade dos governantes. Preços, salários e câmbio terão que passar por ajustes inevitáveis. Quem viver verá.
01 de abril de 2013
Nivaldo Cordeiro
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