"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 1 de abril de 2013

O MITO DA SUPERPOPULAÇÃO


          Artigos - Globalismo 
populationMalthus, pioneiro na ideia de que o mundo não aguentaria tanta gente, previa que a comida do mundo acabaria em 1890. Na década de 60, a ONU (sempre ela) começou a apregoar que isso ocorreria no fim da década de 70. Hoje, 2012, nunca o mundo desperdiçou tanta comida.


Voltava do Recife, casamento de Jorge Ferraz, onde tive o prazer de encontrar os editores desta revista, e olhava Alagoas pela janela.
 
Notei uma imensa área verde, não parecia haver ninguém, e lembrei como se diz por aí que estamos chegando a um ponto de superpopulação no planeta. Mas isso não é verdade.
 
Junte todas as pessoas do mundo numa única multidão. Cabe todo mundo no Distrito Federal. E nem é muito apertado: pense antes numa missa campal que num show. Dá 0,85m² por pessoa, bem mais tranquilo que um metrô ou um ônibus.
Duvida? Pergunte ao Wolfram Alpha:
 
 
Ok, mas não dá para colocar toda a humanidade numa multidão. Vamos fazer o seguinte. Vamos dar um lote de 86m² (maior que o meu apartamento) para cada pessoa do mundo. Cabe todo mundo em Minas Gerais:
 
 
E isso que não considerei que as pessoas se juntam em famílias e que hoje fazemos construções verticais, os prédios. Muitas vezes acreditamos na balela de superpopulação porque vivemos, a maioria da humanidade, em grandes cidades, e consideramos impossível que se sustente uma densidade assim em todo mundo, esquecendo-nos das áreas inabitadas ou de população muito esparsa, que formam a maioria do território.
 
Malthus, pioneiro na ideia de que o mundo não aguentaria tanta gente, previa que a comida do mundo acabaria em 1890. Na década de 60, a ONU (sempre ela) começou a apregoar que isso ocorreria no fim da década de 70. Hoje, 2012, nunca o mundo desperdiçou tanta comida.
 
Há fome no mundo, e sempre houve. As causas são complexíssimas, mas o excesso de gente não é uma delas. Guerras, pobreza, má distribuição, ganância, concorrem para a fome muito mais que o excesso de pessoas.
 
A pobreza, contudo, tem uma maneira eficaz de ser combatida: mais gente no mundo! Quanto mais braços a trabalhar, mais riqueza é produzida. E isso torna-se óbvio ao ver o êxodo rural de meados do século XX, em que muitos pais de família foram “sozinhos pra capital”, como diz bela canção de Caetano Veloso.
A cidade, com todos os seus problemas, exatamente por ser uma concentração enorme de pessoas, permite uma geração de riqueza mais eficaz.
 
Além de falta de espaço e de comida, outros problemas podem ser elencados em relação ao crescimento populacional, como a geração de lixo, e o uso de outros recursos que não alimentos.
Para estes últimos, a inovação científica e tecnológica, aliada à geração cada vez mais eficiente de riquezas, tem andado em ritmo mais veloz que o aumento populacional.
O lixo depende de novas ideias e uma nova (ou antiga) maneira de entender o consumo.
A diminuição da população, contudo, traz problemas reais.
 
É natural na história que os jovens sustentem os velhos quando esses param de trabalhar, como um dever de justiça; o próprio sistema previdenciário é baseado nessa ideia.
O aumento da expectativa de vida, juntamente com a queda nas taxas de natalidade, tornou mais difícil (e cada vez mais raro) que isso fosse cumprido, e frustrou cálculos previdenciários feitos há 60 anos.
Diversos países que tiveram a sua taxa de natalidade diminuída nos tempos recentes hoje vivem crises gravíssimas de previdência social.
 
Alguns países já percebem o mal que a diminuição populacional causa, e começam a enfrentar o problema. Vários países europeus, que sofreram um inverno demográfico voluntário e hoje têm medo de uma dominação islâmica meramente numérica (já que esses últimos não se negam a ter filhos), hoje dão inúmeras benesses a quem tenha filhos, chegando ao ponto de dar um valor fixo em dinheiro por mês a cada um que se tenha.
 
Em Cingapura foi feita uma campanha de extremo mau gosto para que as pessoas dedicassem certa noite (a Menthos National Night) à reprodução.
 
O fato: não há superpopulação. O tamanho da população mundial nunca trouxe problemas por ser grande mas, ao contrário, onde falta gente abundam problemas. Para mais informação, recomendo a visita a este site: http://overpopulationisamyth.com.
01 de abril de 2013
Luís Guilherme Pereira é engenheiro de computação

Nenhum comentário:

Postar um comentário