Ministros do Supremo defendem que recursos dos mensaleiros sejam levados ao plenário e não dependam apenas do relator Joaquim Barbosa
Pelo menos três dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendem que o plenário da Corte julgue os recursos apresentados pelos advogados dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. A decisão de levar os recursos a plenário cabe ao relator do processo e presidente do Tribunal, ministro Joaquim Barbosa.
Nas últimas semanas, advogados acionaram o Supremo pedindo a suspensão da publicação do acórdão, para ter acesso antecipado aos votos.
Os defensores querem mais tempo para analisar o resumo do julgamento antes que comece a correr o prazo para apresentação de recursos, que é cinco dias. Joaquim Barbosa negou os recursos individualmente.
Para o ministro Marco Aurélio Mello, a atitude de Barbosa atrapalha o direito de defesa e trava o processo. “Isso nunca ocorreu no Supremo. Se o atacado é um ato dele, ele vai fazer justiça pelas próprias mãos, deixando de levar ao colegiado? Acima de todos nós está o colegiado”.
“PONTA DE FACA”
Para o ministro Marco Aurélio, há regras na legislação que subsidiam a liberação antecipada dos votos e até mesmo a ampliação do prazo para recurso. “Para que se levar a coisa à ponta de faca? Só se cria incidente, se dificulta mais ainda a tramitação deste processo”.
Embora respeite a autonomia do relator, o revisor da ação penal, ministro Ricardo Lewandowski, disse que tem como prática levar todos os recursos contra suas decisões a plenário.
“O meu modo de proceder sempre foi o seguinte: quando recebo um agravo regimental contra uma decisão monocrática, busco levar esse agravo o mais rapidamente possível para decisão coletiva dos demais colegas”.
A opinião foi dividida por mais um integrante da Corte, que pediu para não ter o nome revelado.
Mais cedo, Joaquim Barbosa disse que ainda não decidiu se levará os recursos ao plenário nesta semana. Ele informou que o acórdão está pronto e que restam apenas as assinaturas de alguns ministros para que o documento seja publicado.
Caso isto ocorra, os recursos perdem a razão de existir.
O ministro Gilmar Mendes acredita que a questão do prazo não deve ser motivo de tanta preocupação, pois cada réu tem que se ater apenas à sua parte no acórdão.
Ele também destacou que todo o julgamento foi amplamente divulgado.
“Está havendo muita lenda urbana em torno deste assunto. A rigor, temos é que publicar o acórdão e seguir os passos. Se for preciso dar prazo, o.k, pode-se dar ou não”.
“MALUQUICE”
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, criticou o pedido dos advogados para ter mais prazo. Para ele, é “inconcebível”. “Suspender a publicação do acórdão é maluquice, isso é maluquice. O Ministério Público tem que olhar a situação de todos os réus e os advogados, normalmente, é um advogado por réu. Então, não vejo nenhuma dificuldade”.
18 de abril de 2013
Débora Zampier (Agência Brasil)
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