"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 18 de abril de 2013

MINISTROS DO SUPREMO DEFENDEM QUE RECURSOS DOS MENSALEIROS SEJAM LEVADOS E PLENÁRIO E NÃO DEPENDAM APENAS DO RELATOR JOAQUIM BARBOSA

Ministros do Supremo defendem que recursos dos mensaleiros sejam levados ao plenário e não dependam apenas do relator Joaquim Barbosa




Pelo menos três dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendem que o plenário da Corte julgue os recursos apresentados pelos advogados dos condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. A decisão de levar os recursos a plenário cabe ao relator do processo e presidente do Tribunal, ministro Joaquim Barbosa.

Nas últimas semanas, advogados acionaram o Supremo pedindo a suspensão da publicação do acórdão, para ter acesso antecipado aos votos.
Os defensores querem mais tempo para analisar o resumo do julgamento antes que comece a correr o prazo para apresentação de recursos, que é cinco dias. Joaquim Barbosa negou os recursos individualmente.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, a atitude de Barbosa atrapalha o direito de defesa e trava o processo. “Isso nunca ocorreu no Supremo. Se o atacado é um ato dele, ele vai fazer justiça pelas próprias mãos, deixando de levar ao colegiado? Acima de todos nós está o colegiado”.

“PONTA DE FACA”

Para o ministro Marco Aurélio, há regras na legislação que subsidiam a liberação antecipada dos votos e até mesmo a ampliação do prazo para recurso. “Para que se levar a coisa à ponta de faca? Só se cria incidente, se dificulta mais ainda a tramitação deste processo”.

Embora respeite a autonomia do relator, o revisor da ação penal, ministro Ricardo Lewandowski, disse que tem como prática levar todos os recursos contra suas decisões a plenário.

“O meu modo de proceder sempre foi o seguinte: quando recebo um agravo regimental contra uma decisão monocrática, busco levar esse agravo o mais rapidamente possível para decisão coletiva dos demais colegas”.
A opinião foi dividida por mais um integrante da Corte, que pediu para não ter o nome revelado.

Mais cedo, Joaquim Barbosa disse que ainda não decidiu se levará os recursos ao plenário nesta semana. Ele informou que o acórdão está pronto e que restam apenas as assinaturas de alguns ministros para que o documento seja publicado.
Caso isto ocorra, os recursos perdem a razão de existir.

O ministro Gilmar Mendes acredita que a questão do prazo não deve ser motivo de tanta preocupação, pois cada réu tem que se ater apenas à sua parte no acórdão.
Ele também destacou que todo o julgamento foi amplamente divulgado.
“Está havendo muita lenda urbana em torno deste assunto. A rigor, temos é que publicar o acórdão e seguir os passos. Se for preciso dar prazo, o.k, pode-se dar ou não”.

“MALUQUICE”

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, criticou o pedido dos advogados para ter mais prazo. Para ele, é “inconcebível”. “Suspender a publicação do acórdão é maluquice, isso é maluquice. O Ministério Público tem que olhar a situação de todos os réus e os advogados, normalmente, é um advogado por réu. Então, não vejo nenhuma dificuldade”.

18 de abril de 2013
Débora Zampier (Agência Brasil)

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