"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 18 de abril de 2013

NOTAS PERTINENTES DO JORNALISTA HÉLIO FERNANDES (2)

Luciano Coutinho, do BNDES, orgulhoso com os empréstimos concedidos, 37 BILHÕES só no primeiro trimestre, devia estar mais transparente. Não pode esquecer o que Carlos Lessa contou a Lula, quando presidia o mesmo BNDES.

A ‘enxurrada’ de nomes para o Supremo deixa
Dona Dilma confusa. E a expectativa angustiante da
alta dos juros, esta noite. O que acontecer hoje,
ditará o rumo para todo 2013, e até 2014.

O presidente desse banco estatal deu entrevista, orgulhoso: “Os empréstimos no primeiro trimestre subiram 53 por cento, chegando o desembolso (que palavra) a 37 BILHÕES de reais”. Coloquei em maiúsculas, porque realmente Luciano Coutinho tem razão em falar nos empréstimos tão altos. Mas como esses empréstimos são com juros de 5 por cento ao ano, é preciso saber quais foram os beneficiários. (Melhor seria dizer “privilegiados”).


Lessa contou a verdade a Lula e foi demitido

Em vários órgãos sempre carinhosos e amigáveis com Eike Batista (sem esquecer da Bloomberg), já começa a aparecer “defesa prévia” desse farsante exibicionista.

Ontem e anteontem, diziam textualmente: “As empresas de Eike Batista SÓ DEVEM 10 BILHÕES AO BNDES”. Como se 10 BILHÕES fossem pouco dinheiro. E as garantias dadas por Eike Batista, antes de descobrirem que sua fortuna era uma farsa, uma fraude e um embuste?

O banco estatal pediu reforço de garantias, com a assustadora queda do patrimônio das empresas de Eike Batista. Fui saber, as garantias são as mesmas, cumprem “ordens” de cima. “Qualquer medida ou providência que atinja direta ou indiretamente suas empresas têm que ser autorizadas especialmente”. (Como parâmetro, os “rumores” sobre a Petrobras “conversar” com Eike, salvando-o.
Revelei isso, com exclusividade, semana passada). Luciano Coutinho, que chegou à presidência desse BNDES, tinha perfil inteiramente diferente.

Além do mais, hoje à noite, o Banco Central, INDEPENDENTE e com AUTONOMIA, deve aumentar a taxa Selic. Isso é praticamente certo, embora Tombini (BC) e Mantega (Fazenda) estejam confusos e conflitantes.

O que eles dizem publicamente não tem a menor importância. Os dois têm como objetivo a queda da inflação. O BC acha que é com a elevação dos juros.

Nesse caso, em abril/maio a Selic iria para 8 por cento ao ano. E entraria assim 2014 (o ano da eleição, perdão, da reeleição, e por enquanto continuam existindo apenas Lula e Dona Dilma, os outros apenas coadjuvantes).

HOJE, TOMBINI AGE, MANTEGA ASSISTE

O ministro da Fazenda está convencido que os juros a 7,25% ou 8% não derrubam a inflação. Para ele, a chave está no câmbio, é por aí que a inflação tem que ser contida e combatida. Dona Dilma “consultou” Delfim, o ministro da ditadura, ele “aconselhou” deixar os juros intocados.

Desta vez ela aceitou, mas não é confiável. Juros altos têm efeitos “colaterais” perigosos. Da mesma forma que o descontrole ou a instabilidade do câmbio. Além do mais, Delfim é exatamente o contrário do que pensa (?) Dona Dilma. (Durante os dois mandatos de Lula, o vice José Alencar e este repórter, na Tribuna impressa, gritavam contra os juros enlouquecidos).

Quando era poderoso ministro da ditadura, Delfim defendia: “Primeiro é preciso deixar o bolo crescer para depois dividi-lo”. (Muito mais tarde, alguns poucos generais que não eram “fanáticos” pela tortura e a perseguição, se queixavam que deram poderes demasiados a Delfim).

Socialmente, Dona Dilma tem outra visão, mais correta e efetiva: quer fazer o bolo crescer e logo dividi-lo, deixar o povo devorá-lo. Mas ainda ficam com fome. E ela embalança muito, suas convicções duram menos do que o tempo de uma viagem de avião.

CARLOS LESSA E SALAZAR

Lula acertou em cheio nomeando logo Carlos Lessa para presidente do BNDES. Competente, com comportamento financeiro correto, filosófico e histórico. Além do mais, rico, sem precisar de dinheiro e não sabendo conjugar o verbo ROUBAR ou FAVORECER amigos, viu tudo num lance.
Mas cometeu o erro de contar tudo a Lula. Foi demitido, e os outros alertados: já estão cuidados, “sabendo de tudo”.

Salazar disse a JK, quando este rodou o mundo como presidente eleito e não empossado: “Presidente, se quiser governar todo o mandato, não aumente os juros nem faça reforma cambial”. JK ficou confuso, isso foi em 1955, mas ainda vale, como eu disse a JK na hora: “Presidente, ele é ditador, mas antes era professor de Finanças na Universidade de Coimbra, e muito respeitado”.

DESCULPEM A FALHA DELE

Breitner, excelente jogador, campeão do mundo pela Alemanha em 1974, deu entrevista ao canal ESPN. Disse muita coisa interessante, embora num tom pretensioso e arrogante. Vejam esta afirmação: “Nós, alemães, somos formados para sermos vencedores em tudo, até no tênis, Fórmula 1”.

Esqueceram de “educar” os alemães para vencerem as guerras. Na Primeira (1914/18) e na Segunda (1939/45) foram obrigados a assinar humilhantes Tratados de Rendição Incondicional. Os dois em Versalhes. Na Primeira Guerra, Hitler era cabo. Na Segunda, marechalíssimo.

CURVA DO DIABO E CURVA DO CALOMBO

Aquino, um abraço. A primeira era lá no Alto. Os carros vinham pela Visconde de Albuquerque, subiam a Niemeyer em alta velocidade, numa das raras retas.
Quando começavam a descer pela Marquês de São Vicente, do outro lado da Gávea, davam inesperadamente com a curva que ganhou esse apelido, merecidamente. Circuito de rua perfeito.

A do Calombo, curva perigosíssima, que provocou dezenas ou centenas de acidentes (como você lembrou), era no asfalto.
Na Lagoa, era tão apertada que pela calçada-ciclovia duas pessoas não passavam juntas. (Corri ali diariamente por mais de 40 anos). Os carros vinham em velocidade, não dava para fazer a volta, batiam. Por causa disso foi colocada uma proteção com placa de alumínio.

A ENXURRADA DE NOMES PARA O SUPREMO

Cinco meses para surgir o substituto de Ayres Brito, é muito. O Senado, sempre complacente, vetou duas vezes Barata Ribeiro (para o Supremo e para prefeito do Distrito Federal), mas não vetava ele, e sim o presidente indireto Floriano Peixoto, que estava no cargo sem eleição.

Mais tarde, 1962, não aprovou para embaixador em Bonn (Berlim ainda não retomara a condição de capital) o empresário Ermírio de Moraes. Este não se incomodou, disse: “Volto senador”. Voltou em outubro do mesmo ano.

E há o caso estranho de Francisco Rezek, que foi ministro duas vezes. Indicado, aprovado, nomeado, empossado, ficou alguns anos. Saiu para ser chanceler de Collor.
No impeachment de Collor deixou o cargo, foi ministro do Supremo novamente, com ajuda enorme de Sarney.

Votou contra Sarney numa causa importante, recebeu do ex-presidente uma carta duríssima. Mas tão bem escrita que suspeitaram até de “ghost-writer”. Publiquei essa carta na Tribuna impressa, todos perguntavam: “Quem deu a carta ao Helio, Sarney ou Rezek?”.

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PS – AMANHÃ: o novo presidente do Flamengo, Bandeira de Mello, retumba que a dívida do Flamengo chegou a 750 milhões de reais. Mas absolveu e fez acordo soturno e noturno, sorrateiramente, com Márcio Braga e Kleber Leite.

PS2 – Os dois são os produtores, criadores, programadores e gastadores mais irresponsáveis que se conhece. Para conquistar e renovar o futuro, o presidente (Bandeira de Mello) esconde o passado mais escuro do clube.

18 de abril de 2013
Helio Fernandes

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