A grossa maioria da população brasileira, 75%, apoia a onda de protestos que se alastrou pelo país nas últimas duas semanas. É o que revela pesquisa feita pelo Ibope em 79 municípios de todo país e divulgada por Época em sua edição deste final de semana. Apenas 6% dos entrevistados disseram ter participado das passeatas. Porém, 35% dos que não foram informaram que iriam.
A sondagem captou um paradoxo: a despeito do apoio maciço às manifestações, 69% declaram-se satisfeitos com a vida que levam atualmente. Quanto às expectativas em relação ao futuro, a sociedade dividiu-se em partes iguais: 43% dizem estar otimistas; outros 43% informam que estão menos otimistas do que estavam há dois anos.
O nariz torcido dos brasileiros aparece no trecho da sondagem em que os entrevistados foram convidados a atribuir uma nota aos políticos. Para 54%, Dilma Rousseff situa-se no intervalo que vai de zero a 6.
A maioria acha que estão nesse mesmo patamar o prefeito da sua cidade (65%), o governador do seu Estado (61%), os vereadores (77%), os senadores (78%), os deputados estaduais (77%) e os deputados federais (77%).
O Ibope quis saber qual é o principal motivo para os protestos.
Foram mencionadas, pela ordem, as seguintes motivações:
por melhor transporte público (77%), contra os políticos (47%), contra a corrupção (32%), por melhor saúde e educação (31%), contra a inflação (18%), por melhores serviços públicos (15%), por mais segurança (15%), contra a Copa no Brasil (11%), contra limites ao Ministério Público (6%) e contra a violência policial (3%).
Uma pesquisa feita pelo Datafolha apenas entre as pessoas que participaram dos protestos ocorridos em São Paulo na quinta-feira (20) acomodara os temas noutra ordem. Nessa sondagem, a corrupção ocupara o topo do ranking das motivações.
O Ibope também perguntou quais seriam hoje os maiores problemas do Brasil. Mencionaram-se:
saúde (78%), segurança pública (55%), educação (52%), drogas (26%), combate à corrupção (17%), miséria (11%), geração de empregos (10%), custo de vida (9%), impostos e taxas (8%), salários (7%) e habitação (4%).
Aferiu-se também a opinião dos brasileiros sobre o grau de violência das passeatas. Entre os que apoiam os protestos, 82% avaliam que houve violência por parte dos manifestantes. Percentual muito próximo dos 85% que enxergaram violência também da parte da polícia. Quer dizer: o fato de haver violência dos dois lados não impediu que a maioria apoiasse os protestos.
Noutro trecho, a pesquisa do Ibope fornece dados que ajudam a entender por que o futebol virou mote de passeata.
Em plena Copa das Confederações, quase um terço dos entrevistados (31%) não apoia a realização do evento no país. Quanto à Copa do Mundo de 2014, 29% desaprovam a escolha do Brasil para sediar a competição.
22 de junho de 2013
Josias de Souza - UOL
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