Assídua usuária da web, fã de carteirinha, não deixei de amar o jornal impresso, paixão bem mais antiga, mas desde que me cadastrei no Blog do Noblat, em junho de 2005, é aqui que começo a ler as notícias.
Pois bem, desde o início, ainda aprendendo a navegar, fui contra os “nicks”. Jamais compreendi porque uma pessoa, em blogs políticos, usa um apelido para comentar, debater, dizer o que pensa, o que espera, do que gosta e do que não gosta.
Em certos tipos de blogs e sites, a má fé é evidente e disso não trato.
Mas em blogs políticos o motivo seria o medo de retaliação dos partidos? Tolice. Se for do interesse do partido, não tenho dúvida que o comentarista será identificado no momento em que isso interessar aos dirigentes. Não há mais segredos, nem privacidade em nosso mundo.
Entre os comentaristas de um mesmo blog, o apelido serve para ofender, é para o que serve. Eu chamo o Trutesindo de burro, ele me chama de idiota e fica tudo por isso mesmo. Quer dizer, em termos, há leis neste país, apesar de não parecer: se a ofensa for caluniosa ou infamante, o agredido tem as armas da lei.
Mas por que falar nisso, já que o uso dos nicks venceu e jamais desaparecerá?
Por um simples motivo.
Porque aqui no Brasil esses biombos têm servido a muitas causas.
Comparo os marginais, os vândalos, os amantes da baderna que se infiltram nas passeatas, onde a maioria é de gente que vai de cara limpa manifestar sua angústia com os continuados erros e desmandos de nossas autoridades, aos anônimos da Internet.
Os baderneiros vão com capuz e carapuças, a cabeça inteiramente coberta, na tentativa de evitar o reconhecimento. Quer dizer, vão com seus biombos portáteis, assim como os usuários de apelidos fazem nos blogs e afins. Destroem e não constroem nada.
Mas em nossas Casas Legislativas o biombo é ainda mais perigoso. Dele, em sua modalidade “voto secreto”, se valem nossos representantes, os eleitos, e nós, seus eleitores, não podemos saber como eles votam! Isso é tão estapafúrdio que tenho para mim que uma boa reforma política, se começasse por acabar com essa praga, daria muito menos trabalho e seria bem mais ágil.
No Executivo, o biombo é de outra natureza. Serve para pôr em evidência os que interessam ao Poder Central e para anular os demais, como na já célebre reunião Dilma/Governadores/Prefeitos. Aí, erraram na decoração: deviam ter ‘biombado’ a presidente...
Há também biombos bem brasileiros. São os que oferecem transparência opaca: você tem direito a conhecer todos os gastos do Executivo, mas quem escolhe quais são os todos é o Executivo...
O senhor Gilberto Carvalho, alma-gêmea do ex-presidente em exercício, Lula, o Esperto, e graduado especialista em biombos, disse que o bicho ia pegar. Sábias palavras: o bicho pegou. Agora é torcer para que o bicho seja roedor e roa todos os biombos.
Todos.
28 de junho de 2013
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
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