Recado de sempre – Mais de 50 milhões de iranianos estavam aptos a votar no primeiro turno das eleições presidenciais, iniciado nesta sexta-feira (14). O pleito decidirá qual dos seis candidatos será o sucessor de Mahmoud Ahmadinejad, que após dois mandatos não pode mais se candidatar.
As autoridades eleitorais prometem os resultados para até 48 horas após o fechamento das urnas – os primeiros números devem sair neste sábado. Nestas eleições, também serão escolhidos os representantes municipais. Na abertura das urnas, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo da República Islâmica, aproveitou para alfinetar os Estados Unidos e urgiu os eleitores, como já fizera na quarta-feira, a votarem.
“Que vão para o inferno vocês que não acreditam em nossas eleições. Se a nação iraniana tivesse que esperar por vocês para ver no que vocês acreditam ou não, então ficaríamos para trás”, disse Khameni.
A declaração foi uma resposta ao secretário de Estado americano, John Kerry, que disse, no mês passado, que não esperava mudanças na política nuclear iraniana por ela ser controlada, justamente, por Khamenei.
“Alguns iranianos talvez não queiram o sistema islâmico, mas certamente querem apoiar seu país. Uma elevada taxa de participação vai preparar uma derrota dos inimigos do Irã e forçá-los a reduzir a pressão internacional”, disse Khamenei na quarta-feira (12) pelo Twitter.
As urnas abriram em todo o país às 8h (hora local). Regularmente, elas passarão dez horas abertas, mas no caso de alta participação eleitoral o período poderá ser estendido até a meia-noite (hora local). Se nenhum dos seis candidatos obtiver a maioria absoluta no primeiro turno, um segundo deverá ser realizado no próximo dia 21 de junho, para decidir entre os dois candidatos mais votados.
Candidato de Ahmadinejad de fora
Observadores políticos haviam previsto, inicialmente, um confronto entre as duas alas conservadoras em torno de Khamenei e Ahmadinejad. Após a desqualificação do aliado de Ahmadinejad, Esfandiar Rahim Mashaei, a ala do atual presidente ficou sem candidato.
A esperança dos reformadores era o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que foi rejeitado como candidato pelo conservador Conselho dos Guardiões. Rafsanjani passou então a apoiar a candidatura do clérigo moderado Hassan Rowhani. Também o ex-presidente Mohammad Khatami e a grande organização reformista Frente de Participação do Irã Islâmico declararam apoio a Rowhani.
Milhares de apoiadores compareceram aos comícios de Rowhani. Muitos deles usavam roxo, que parece estar substituindo o verde como cor dominante do movimento de oposição do Irã nestes dias.
O lema, porém, continua sendo o mesmo: abertura política e a libertação de oposicionistas e ativistas.
“A mobilização eleitoral veio, provavelmente, muito tarde e uma recomendação de Khatami e Rafsanjani não significa que a população vai apoiar em massa o apelo deles”, avalia o jornalista Morteza Kazemian.
Temores de fraude
Segundo analistas políticos, Khamenei busca um candidato que seja mais sumisso às suas ordens. Pelo lado conservador, de acordo com as pesquisas eleitorais, quem tem as melhores chances para chegar ao segundo turno no dia 21 de junho é o prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf.
O atual negociador-chefe para a questão nuclear, Said Jalili, e Ali Akbar Velayati, assessor de Khamenei, também possuem chances reais.
“Somente se os conservadores chegarem a um consenso no último momento sobre um candidato, um segundo turno poderá ser evitado”, diz o analista político Abbas Abdi, que aposta numa disputa entre Rowhani e Qalibaf em 21 de junho. “Nenhum dos candidatos possui o perfil necessário para alcançar uma maioria absoluta no primeiro turno eleitoral.”
Kazemian também aposta num segundo turno entre Rowhani e Qalibaf – isso, lembra o jornalista, se não houver fraude eleitoral.
“Se Velayati ou Jalili conseguirem chegar ao segundo turno no lugar de Rowhani, presume-se que um desses dois seja o candidato predileto de Khamenei”, opina. (DW)
14 de junho de 2013
ucho.info
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