"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 14 de junho de 2013

DIGA CONOSCO: LU-LO-DIL-MA

 


Leio no Painel da Folha de S. Paulo de 13/06/2013:

“Receita: Aconselhada a tomar uma “injeção de Lula”, a presidente cancelou a viagem que faria ao Rio hoje para se encontrar com o ex-presidente em evento do PT no Paraná. Dilma remarcou para amanhã a ida à capital fluminense, onde vai anunciar investimentos na Rocinha”.

Imediatamente lembrei-me de um luminoso que encantava quando eu era bem jovem: quatro rostos femininos, um de cada vez, iam formando com os lábios as sílabas Lu-Go-Li-Na. As lâmpadas acendiam e apagavam e a propaganda servia ao seu propósito: prendia a atenção.

Fui pesquisar no site da Anvisa se era um medicamento injetável. Não era. Mas a semelhança com os nomes e o anúncio completo, com um Diga Conosco que me escapara, justificam plenamente porque em minha memória acendeu o Lugolina ao ler que dona Dilma foi aconselhada a tomar uma “injeção de Lula”.

Na nota do Painel não diz quem a aconselhou mas como na nota anterior falam de uma reunião dela com João Santana e ministros, “para avaliar as recentes pesquisas de popularidade”, deduzo que a receita tenha vindo desses senhores.


Com os quais concordo. Cara feia é fome e como a presidente não passa fome, creio que posso deduzir que anda mal humorada. O que é natural. Ela não caiu nas pesquisas por motivos outros que não fossem a inflação e o aumento do dólar, que assusta e incomoda a todos os brasileiros, dos bolsistas aos que têm a bolsa estourando de tão cheia.

Dona Dilma tem um vezo ao falar que em dilmês fica até mais forte: “o meu governo”, “no meu governo”. O “meu” dela é altamente revelador. Parece um amigo, bem casado, mas que é incapaz de dizer “a nossa casa”, “os nossos filhos”, “o nosso jardim”. Tudo para ele é “meu”. Ele também é petista. Vai ver no treinamento petista ensinam a nunca usar o possessivo no plural...

Enfim, seja meu ou nosso governo, o país é definitivamente nosso e a preocupação com o que está ocorrendo aflige a todos nós, com exceção dos alienados e aloprados, que para esses o mundo é sempre cor de rosa.

As cenas de violência em São Paulo e no Rio, os assaltos e crimes cada vez mais numerosos, a calma com que a polícia se refere ao roubo “saidinha do banco”, os preços subindo e o ministro da Fazenda querendo nos fazer crer que não estão subindo, as pessoas cada vez mais descrentes... isso lembra tanto o passado quanto o anúncio do Lugolina.

As soluções para cativar o eleitorado, francamente, são daquelas que se não aleijam, matam. O financiamento Minha Casa Melhor, alguém já parou para pensar no que as indústrias farão com os preços máximos determinados pelo governo?

O que desabará primeiro, o sofá de R$375,00 ou o guarda-roupa de R$380,00, após a primeira infiltração? Ou a casa?

14 de junho de 2013
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

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