Violentos comerciantes ilegais de drogas de Paraisópolis, em São Paulo, fizeram uma ameaça direta e concreta a uma guarnição da Polícia Militar que tentou fazer uma incursão naquela “comunidade” (ops): “Se vocês não deixarem a gente trabalhar em paz, vamos partir para a operação Tiradentes. Vamos arrancar a cabeça de um PM, cortar o corpo ao meio e pendurar em um poste”.
A Agência Brasileira de Inteligência já sabe de tal ameaça. Quem não sabe ou ignora é o comando da Polícia Militar de São Paulo. A ordem interna é que tal promessa de terrorismo feita por traficantes não fosse repassada para o “escalão de cima”. O Governador Geraldo Alckmin, agora arvorado com as manifestações-badernas deveria tomar conhecimento e tomar alguma providência – em vez de manter-se refém do suposto discurso politicamente correto dos “direitos humanos” que impede uma efetiva repressão contra atos de terror e barbárie da face operacional do crime organizado.
Uma das mais bem preparadas tropas do Brasil, a Polícia Militar de São Paulo vive seu momento mais crítico e dramático. Desde o cantado e decantado “Massacre do Carandiru”, a PM virou refém do discurso politicamente correto, muito bonitinho para os livros de filosofia, mas ineficaz para proteger uma sociedade efetivamente ameaçada pela ação cada vez mais organizada e violenta do crime sem efetiva repressão.
O que pode acontecer se a PM invadir Paraisópolis e o os “chefes do pedaço” cumprirem a ameaça de degolar algum PM? Certamente, não vai acontecer nada. Simplesmente porque, ao saber de tal ameaça, o Comando da PM, seguindo orientação politicamente correta do Palácio dos Bandeirantes, tomará a sábia decisão de “não vamos mexer com a comunidade de Paraisópolis”.
Quem ganha com a inação ou omissão? Claro, os comerciantes de drogas que “só querem trabalhar em paz”. E como a lógica socialista fabiana é proteger os “trabalhadores”, é melhor o governo do Estado deixá-los em paz. Claro, neste “acordo não assinado”, eles também colaboram com os índices de segurança pública. Os assaltos e roubos naquela região tendem a diminuir... Tudo em nome de “não atrapalhar o trabalho”.
E o trabalho da Polícia Militar, como fica? Numa conjuntura dessas, em que o suposto politicamente correto subverteu a ordem pública – que deveria ser o bem mais importante da sociedade, pois é o efetivo garantidor da paz e da vida -, a barbárie prevalece. Errados se tornam os PMs que querem “prender” bandidos. Se eles os matam, pior ainda: são midiaticamente transformados em assassinos, torturadores, membros do esquadrão da morte, filhotes da ditadura, sobrinhos diletos do coronel Brilhante Ustra e por aí vai...
O Alerta Total denunciou ontem que um observatório independente de estudos sobre violência transmitiu às forças armadas a informação de que organizações criminosas pretendem intensificar ações psicológicas para aumentar o medo da população – principalmente em grandes centros urbanos. Os bandos vão agir mais facilmente se aproveitando que as Polícias Militares estão mobilizadas para atender, prioritariamente, à repressão contra passeatas ideologicamente organizadas para pedir a revogação de aumentos de passagens de ônibus.
A tática dos criminosos é bem conhecida. Incendiar ônibus. Aumentar o número de assaltos a mão armada com uso de violência. Promover arrastões em restaurantes. Invadir condomínios de classe média. Intensificar os sequestros relâmpagos, sobretudo em regiões classe A. Atacar carros-fortes, preferencialmente em estradas. Saquear caminhoneiros. Fazer tentativas de resgates cinematográficas de presos durante deslocamento entre tribunais e presídios. Assassinar policiais civis e militares, de preferência em latrocínios programados. Ensaiar rebeliões em penitenciárias.
O que as Forças Armadas podem fazer diante de tal situação que beira ao terror? Na conjuntura atual, comandados pelo sistema do Governo do Crime Organizado, os militares podem fazer absolutamente nada (?) – a não ser observar e prestar atenção. A informação de dentro da caserna é que “os comandos militares estão muito preocupados com toda esta situação”. O sinal sincero de preocupação, mesmo que não possa ser explicitamente manifestado, já é um indício de que as legiões não estão tão passivas quanto fazem parecer em seu silêncio obsequioso.
O subdesenvolvido Brasil está refém de uma armadilha com a crescente onda de violência descambando para o terror. Não por coincidência, nosso Congresso Nacional (loteado por muitos bandidos que deveriam estar parlamentando na penitenciária) insiste em postergar uma definição legal sobre o que tipifica o crime de terrorismo. A falta dessa definição legal – propositalmente postergada para impedir a repressão ao crime que financia muitas campanhas e enriquece muitos deputados e senadores bandidos – impede uma ação efetiva de nossas forças de segurança – cada dia mais inseguras de seu verdadeiro papel.
O Coronel Aviador Manuel Cambesses Júnior lista uma série de fatores para explicar por que não funciona o sistema de segurança pública no Brasil:
A Desconfiança
O Jogo do Empurra
A Constituição Corporativa
A Desordem Pública
A Divisão da Polícia Estadual
A Depreciação das PM
A Falência do Sistema Penitenciário
A Renúncia dos Instrumentos de Defesa
A Morosidade do Poder Judiciário
A Desestrutura do Ministério Público
A Fragilidade da Defensoria Pública
O Descompasso Político
A Intro-Omissão Governamental
A Submissão Municipal
O Desamparo da Cidadania
A Impotência da Mídia
A maioria dos brasileiros, que sente na pele a violência e a insegurança no cotidiano, está de saco cheio. Os protestos (ou badernas) nos grandes centros – mesmo que provocados ideologicamente - ganham adesão por causa deste sentimento represado de insatisfação e revolta. Quem não souber fazer uma leitura correta dos acontecimentos vai se ferrar.
Na História, uma manifestação costuma puxar outras. Ainda mais quando os governos – de forma violenta ou apenas no discurso reativo – resolvem reprimi-las. Breve, teremos manifestações pedindo mais segurança e contra a violência. Donos de restaurantes em São Paulo, vítimas de trinta e tantos arrastões, já resolveram entornar o caldo e partir para o protesto.
O Brasil de pólvora está simbolicamente aceso. Ninguém duvide que o pavio sentirá o fogo da revolta a qualquer momento. Já vivemos um estágio de anomia (ignorância e desrespeito às normas legais). Por isso, a atual onda de protestos tem tudo para se transformar em um tsunami, trazendo para o olho do furacão outros grupos além daqueles ideologicamente motivados que agem agora nessas ações psicológicas urbanas, com repercussão midiática imediata.
Na hora que a situação sair completamente de controle, o que vai acontecer só Deus sabe. Quem aposta na radicalização irresponsável, para beneficiar o sistema do crime organizado, pode e tende a se dar muito mal. Tem muita gente de bem prontinha e doida para apertar o famoso botão “Foda-se”...
Jogos de Guerra
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
15 de junho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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