Nunca antes a humanidade viveu época tão sinalizada por marcos legais abrangentes e que têm como beneficiários nada menos que os 7 bilhões de pessoas que formam a população mundial, como os tempos atuais.
Direitos humanos tem sido bandeira para gerações desde o fim da 2ª Guerra Mundial, gerações que foram assombradas com campos de concentração nazista e com as nuvens de cogumelo que anunciaram a destruição de populações inteiras das cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki. Além disso, fomos feridos com o extermínio de armênios, judeus, bascos. A lista da estupidez humana é longa.
E foi para reprimir essa sanha assassina que foi proclamada pelas Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos em dezembro de 1948. Desde aquele ano estamos imersos em um oceano de direitos. Protegidos, ao menos quanto ao arcabouço legal.
Mas ainda precisamos de um outro tipo de direito: o direito ao futuro. Alguns poucos países – felizmente – ainda não se deram conta que o bem maior a ser protegido é o direito ao futuro. Porque a vida humana só encontra completude se nos assegurar o direito ao futuro, futuro de ser, existir e dispor dos meios para a busca da felicidade.
E o caso do Irã apresenta-se como caso emblemático em que não apenas se deixa de proteger o seu rico milenar passado – terra de grandes estadistas, poetas, cientistas – como torna-se política pública de Estado a negação a um futuro brilhante para suas novas gerações de rapazes e moças, jovens que são vilmente discriminados e perseguidos por não se alistarem automaticamente à crença religiosa oficial do Estado.
No Irã, desde 1979, com a tomada do poder pelo aiatolá Khomeini até este ano de 2013, no apagar das luzes do segundo mandato presidencial de Ahmadnizhad, milhares de jovens bahá'ís são expulsos de universidades de quase todos os seus centros urbanos.
A este formidável contingente de jovens é negado o direito ao futuro. O direito de serem médicos e engenheiros, professores e cientistas, advogados, e assim por diante.
O país persa tem feito vista grossa à afirmação do pensador Shoghi Effendi (1897-1957), ele próprio uma das figuras centrais da religião bahá'í, quando afirmou que “o maior tesouro de uma nação é o seu povo”. E é fato que nos últimos 30 anos, o governo iraniano tem se ocupado em violar os direitos humanos de parte de sua população.
O Conselho Revolucionário do Irã apunhalou o futuro de milhares de jovens quando decretou que jovens iranianos somente poderiam cursar universidade se professarem as religiões oficialmente protegidas por sua Constituição. Trocando em miúdos, só podem receber educação superior jovens muçulmanos ou que sejam zoroastrianos, judeus e cristãos.
É dessa forma arbitrária que o governo iraniano mantém em funcionamento as milhares de traquitanas a asfixiar a sua maior minoria religiosa – os mais que 300.000 adeptos da religião bahá'í no país. Chega a ser irônico que foram esses mesmos bahá'ís que, ainda em 1844, se sacrificaram para que pudesse nascer a era dos direitos em vivemos atualmente, uma vez que proclamavam a unidade do gênero humano, a eliminação de todas as formas preconceitos, os direitos iguais para homens e mulheres.
Sim, o direito à educação tem um outro nome.
Chama-se direito ao futuro. Futuro negado aos jovens bahá'ís.
15 de junho de 2013
Washington Araújo
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