Velha piada: um anjo pergunta a Deus por que poupou o Brasil de furacões, tsunamis, terremotos e vulcões. Ele responde: “Espere para ver os políticos que vou botar lá”
“O Rio sempre foi um cemitério de governantes. O Cabral era, até hoje, uma exceção.” O deputado Eduardo Cunha, que ajudou a enterrar alguns, está dizendo a verdade. Brizola, Moreira Franco, Garotinho, Benedita e Rosinha terminaram suas administrações desastrosas como zumbis governamentais, e agora, depois da glória fugaz, a derrocada de Cabral confirma a maldição.
Antes da fusão à força com o Estado do Rio, feita pela ditadura em 1976, o Rio de Janeiro era uma cidade-estado pródiga em quadros políticos qualificados e respeitáveis, das mais variadas tendências. A integração dos vícios da politica cosmopolita carioca com o atraso e o populismo das velhas oligarquias do interior nivelou tudo por baixo e nos deu os políticos que temos hoje.
A velha piada em que um anjo pergunta a Deus por que poupou o Brasil de furacões, tsunamis, terremotos e vulcões, e Ele responde “espere para ver os políticos que vou botar lá”, serve à perfeição para o Rio de Janeiro. A justiça e o humor divinos nos deram a beleza das nossas praias e montanhas, um clima caloroso e um povo irreverente, criativo e trabalhador, e uma escória política à altura, ou baixeza, dos estados mais atrasados.
Os cariocas, que já tiveram que fazer uma escolha pior que a de Sofia entre Rosinha e Benedita no segundo turno de 2002, estão ameaçados de ter que decidir entre o petista “Lindinho” Farias ou Garotinho. A melhor, ou menos pior, opção seria o vice-governador Luís Fernando Pezão, um administrador honesto, trabalhador e experiente, que seria o “lado bom” do governo, e a antítese do estilo de Cabral. Mas vai levar para a campanha, junto com os créditos de suas realizações, a impopularidade do seu maior cabo eleitoral.
A candidatura de um outsider como Marcelo Freixo, do PSOL, seria muito bem-vinda, mas dificilmente ele conseguiria, em um ano, se tornar conhecido em todo o Estado e um candidato competitivo. E, mesmo se fosse milagrosamente eleito, como conseguiria governar contra os tenebrosos partidos políticos cariocas e uma das Assembleias mais nefastas do país?
Seria mais um zumbi no Palácio Guanabara.
09 de agosto de 2013
Nelson Motta, O Globo
Antes da fusão à força com o Estado do Rio, feita pela ditadura em 1976, o Rio de Janeiro era uma cidade-estado pródiga em quadros políticos qualificados e respeitáveis, das mais variadas tendências. A integração dos vícios da politica cosmopolita carioca com o atraso e o populismo das velhas oligarquias do interior nivelou tudo por baixo e nos deu os políticos que temos hoje.
A velha piada em que um anjo pergunta a Deus por que poupou o Brasil de furacões, tsunamis, terremotos e vulcões, e Ele responde “espere para ver os políticos que vou botar lá”, serve à perfeição para o Rio de Janeiro. A justiça e o humor divinos nos deram a beleza das nossas praias e montanhas, um clima caloroso e um povo irreverente, criativo e trabalhador, e uma escória política à altura, ou baixeza, dos estados mais atrasados.
Os cariocas, que já tiveram que fazer uma escolha pior que a de Sofia entre Rosinha e Benedita no segundo turno de 2002, estão ameaçados de ter que decidir entre o petista “Lindinho” Farias ou Garotinho. A melhor, ou menos pior, opção seria o vice-governador Luís Fernando Pezão, um administrador honesto, trabalhador e experiente, que seria o “lado bom” do governo, e a antítese do estilo de Cabral. Mas vai levar para a campanha, junto com os créditos de suas realizações, a impopularidade do seu maior cabo eleitoral.
A candidatura de um outsider como Marcelo Freixo, do PSOL, seria muito bem-vinda, mas dificilmente ele conseguiria, em um ano, se tornar conhecido em todo o Estado e um candidato competitivo. E, mesmo se fosse milagrosamente eleito, como conseguiria governar contra os tenebrosos partidos políticos cariocas e uma das Assembleias mais nefastas do país?
Seria mais um zumbi no Palácio Guanabara.
09 de agosto de 2013
Nelson Motta, O Globo
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