O que a presidente terá aprendido com o fracasso de suas previsões e análises sobre a economia?
A inflação cairia até chegar a 4,5% em 2012. Não haveria mais "ajuste fiscal" (redução do deficit das contas do governo), mas "consolidação fiscal", pois o "ajuste clássico" provocaria desemprego e baixa dos investimentos. Haveria "racionalização das despesas e aumento da eficiência do gasto público".
Em setembro, com o caldo daquele ano de 2011 entornado, a presidente e seus economistas não mais previam, mas se davam a meta de fazer o país crescer 4% ao ano. O governo pouparia o equivalente a 3,1% do PIB das suas receitas.
O país cresceu 2,7% em 2011, 0,9% em 2012 e deve crescer algo entre 1,8% e 2,7% neste 2013. O deficit aumentou, a inflação foi maior.
Não importa o "erro de previsão" nem o fracasso em acertar o alvo. Interessam as ideias que embasavam prognósticos e diagnósticos, além das subsequentes decisões tomadas a princípio para "corrigir rumos" e, a seguir, para salvar a todo custo e desesperadamente a face política.
O governo assumiu com a ideia de que o Brasil estava pronto para crescer no ritmo mais rápido de sua história. Eram desnecessárias mudanças institucionais (leis, rearranjos do Estado, da intervenção na economia etc.), entre outras.
Quando se frustrou o crescimento previsto, aumentou-se cada vez mais o gasto público direto e indireto (com a estatização parcial do crédito bancário, via endividamento para a capitalização de bancos públicos).
Ansioso, depois desesperado, o governo atacou com estímulos desordenados ao consumo, como um time de futebol fraco e pueril que parte em massa para o ataque a fim de virar o jogo, levando goleada infame.
Nova frustração do "estímulo ao crescimento" suscitou a desconversa derrotada de que o importante mesmo é o desemprego em recorde de baixa e o povo satisfeito.
De mãos quase atadas, pois não tem como manejar o gasto público e os juros sobem, dada a inflação persistente, o governo agora limita o diálogo público a queixas sobre o pessimismo de seus críticos ou inimigos.
O que terá aprendido Dilma Rousseff?
Não revê o seu curso apenas porque está emparedada pela eleição próxima, a qual poderia perder se mexesse a fundo na economia? Sua mudez e isolamento são apenas uma estratégia de evitar conversas perigosas para sua reeleição? Ou teimosa e iludida acredita que foi vítima dos azares de um mundo conturbando e do pessimismo de adversários?
Candidata, vai ainda tentar manter as aparências e evitar qualquer conversa racional sobre mudanças para o país?
Se eleita, enfim vai apresentar um programa de mudanças, uma conversa adulta e informada sobre as insuficiências da economia, dos problemas da administração pública e dos conflitos políticos que precisam ser resolvidos (com perdas e danos para alguns)?
O que dirá Dilma Rousseff sobre um segundo mandato? O primeiro acabou.
09 de agosto de 2013
Vinicius Torres Freire, Folha de São Paulo
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